Capítulo XV

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O Sᴏʟ ɴᴇᴍ ᴀᴏ ᴍᴇɴᴏs acaba de raiar, e já apelo para que o dia acabe. Estou preocupada com a circunstância de Kindell e extremamente incomodada com algumas situações daqui, então quero deixar esse reino o mais rápido que se é viável.

Assim que vejo o corredor, esbarro com Dean, que surpreende-se ao me ver. Uma de suas mãos está erguida, com o punho cerrado. Estava prestes a bater na porta, mas a abri antes que pudesse fazer isso.

─ Será que todos os garotos me esperam do lado de fora do meu quarto? ─ exponho, involuntariamente, um pensamento.

─ O quê? ─ ele pergunta.

─ Mas eu não disse nada ─ tento camuflar meu deslize, mesmo que eu saiba que ele não acreditará.

─ Certo... ─ profere, franzindo as sobrancelhas. ─ Estava vindo chamá-la para ver uma coisa. Venha aqui.

Antes que eu pudesse ser apta a negar, leva-me até o outro lado do corredor. Dobramos nossos troncos sobre a sacada, enquanto observamos a movimentação que acontece abaixo de nós.

Ainda próximo ao amanhecer, todos estão reunidos em frente à entrada do castelo, acompanhados de suas carruagens à cavalo e seus pertences.

─ Eles estão partindo? ─ indago.

─ Todos estão voltando para seus reinos ─ ele explica. ─ Menos Kindell, pois pode ser perigoso. Então, do nosso reino, apenas os servos e majestades.

─ Por que apenas eles? ─ questiono, novamente. ─ Nós ficaremos?

─ Apenas o essencial, por enquanto. ─ responde. ─ Os criados irão colocar as coisas em ordem, e as majestades irão cuidar da administração geral.

Acho que é a primeira vez que vejo todos os reinos juntos dessa forma; amedrontados e sem esbanjar soberania.

Em Kindell, o modo de vida é ruim, mas não péssimo. As pessoas trabalham para si mesmas ─ exceto pelos camponeses, que só têm direito às terras graças ao rei; e entregam parte do que produzem para o subsistência da Realeza e Nobreza ─ , e, apesar de pobres, é possível de se viver. Uma vez ao mês, o rei Lippershey distribui uma quantidade um pouco menor que o mínimo de alimentos para a população.

Ainda assim, pode-se ver revoltosos protestando incessantemente nas portas do palácio. Kindell é conhecido como o reino amaldiçoado, tendo em vista que fora lançado uma profecia acestral de que o mesmo cairía em ruínas. Alguns afirmam que ela começou a se tornar verdade quando os filhos do rei pereceram por uma doença misteriosa e avassaladora.

Analiso o rei Richard, que se despede cordialmente dos outros reis. Mesmo com todos esses problemas em seu redor, permanece superficial. Às vezes, posso ter a certeza de que ele é alguém que não possui alma.

Em Greenwich, as pessoas quase podem ser descritas como escravizadas. O rei Schealtz se importa com nada em absoluto; exceto pela confirmação da cota cumprida ao fim do dia.

Ele ordena que todo cidadão deve realizar uma quantidade de produção absurda de seu ofício e entregá-la em sua totalidade para ele. Se quiserem sobreviver, que produzam em sobressalente para si mesmos.

Ouvi dizer que essa forma de governo poderia ser definida como uma ditadura ─ mas não tenho conhecimento suficiente para conseguir tecer comentários sobre isso. Mesmo com todas esses fatos ao seu redor, a população o bajula como a um deus, e tem a certeza de que seu rei sacrifica-se diariamente por seus fiéis.

Transito minha atenção para o rei de Ludwig. Assusto-me ao vê-lo conversando, afastado dos outros, de maneira sorrateira com, surpreendentemente, Adrian.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora