Capítulo XI

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Nᴀ̃ᴏ ᴘᴇʀᴄᴇʙᴏ ǫᴜᴀɴᴛᴏ tempo passou desde que meu corpo se estarreceu por completo. Mas, apesar de parecer bastante, não creio que deve ser sido, de fato.

O Salão Real é incrível. Achei ter visto de tudo quando cheguei ao palácio de Kindell, mas, aparentemente, nada se compara a um lugar preparado especificamente aos mais ricos entre os ricos. A iluminação é enorme no teto; os archotes são em um formato tão delicado, e, mesmo assim, possuem uma luz estonteante.

As roupas são tão finas, que é provável terem uma duração extremamente breve; como se não se importassem em trocá-las constantemente. A música é lenta, diferentemente da que costuma tocar nas festas da Plebe. Eles parecem ser mais sérios e sua alegria é superficial. 

Deixo minha paralisação, quando percebo um movimento ao lado, um pouco à frente. Connor estende sua mão, claramente notando meu constrangimento. Entretanto, sua outra permanece dentro de seu bolso. Sem pensar duas vezes, seguro nela. Sinto todo meu corpo estremecer-se, como se sua energia tivesse sido transferida para mim. Sua mão é gelada, assim como a água de um riacho.

─ Venha ─ ele diz, inciando seu caminhar. ─ Vou lhe apresentar para alguns Reais.

─ Reais? ─ pergunto, travando meus passos. ─ Não pode ser outros Nobres?

─ Não se preocupe ─ ele ri. ─ Não vou permitir que lhe façam mal. Eu prometo.

É melhor ir, que ficar eternamente parada na entrada. Aceno com a cabeça e o acompanho, um pouco atrás. Não demora muito para sermos encarados descaradamente. Seguro mais fortemente em sua mão, e ele me puxa para mais perto de si.

Enquanto andamos, e somos claramente mal vistos, noto sua expressão séria, mas, sempre que se vira para mim, é aliviada naturalmente.

─ Ayla? ─ ouço uma voz familiar, e paro para observar ao redor, procurando de onde vem.

É a rainha Lippershey, ao lado do rei. Ainda bem que ela está aqui. É a única Real que confio de fato. Mas sua presença é quase neutralizada, pelo medo que sinto da figura da outra Majestade, ao seu lado.

─ Rainha Diana ─ abro um sorriso, que, rapidamente, se fecha, ao mudar minha atenção para o rei, que não possui uma boa expressão.

─ O que faz aqui? ─ ela pergunta.

─ Decidi viver como uma verdadeira Nobre ─ digo, odiando cada palavra dessa frase, mesmo sabendo que fiz isso em pura provocação ao rei Lippershey.

Não entendo o porquê, mas ele não lida bem com os Plebeus que o mesmo transformou em Nobres. Sempre que posso, o lembro de que, por sua culpa, sempre terá indesejados vivendo em sua casa.

─ Esta é uma ótima notícia ─ ela sorri, em retorno. ─ E seus amigos? Eles não vieram?

─ Não, Majestade ─ falo, virando meu olhar para o rei. ─ Apenas eu. Estou acompanhada de outro Real.

─ Ah, claro ─ ela olha para Connor, que permanece em silêncio em todo o tempo. ─ É bom que se acostume com outros Reais.

─ Tenho certeza que sim ─ falo, amargamente.

─ Ei, Ayla ─ o ouço sussurar, depois de perceber que notou minha reação. ─, quero lhe mostrar um lugar. Vamos?

Concordo, com gestos, e aceno positivamente para a rainha Lippershey, o vendo fazer o mesmo. Ela não parece ter gostado muito da minha saída um tanto repentina... Mas isso não irá me afetar.

Ando, a passos largos, um pouco atrás de Connor, que, em quase todo o tempo, transita sua atenção para mim. Passamos no meio de algumas pessoas, que nos enjoam em todas as pequenas vezes em que esbarramos nos mesmos. Ele parece não se importar; seu sorriso esclarece isso. Então eu também não me importo.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora