Capítulo III

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Mᴀʟ ᴘᴏssᴏ ᴀᴄʀᴇᴅɪᴛᴀʀ que estou vendo as ruas novamente.

A cada ano acontece um evento, em um reino diferente, chamado: O Dia da Conjugação, onde todos os reinos se encontram em um dos mesmos para proclamar, apesar da independência, a paz.

Há três estofas: a Realeza, a Nobreza e a Plebe.

Pertencentes da Realeza, suas próprias riquezas pagam por suas presenças. Não importa suas idades, famílias, sobrenomes, cargos, ofícios exercidos... nada. Vão gratuitamente, sendo, ou não, os anfitriões. Eles pagam para eles mesmos. Para que pagar seus deslocamentos, se é mais fácil obrigar seus servos a dirigir?

Da Nobreza, somente podem participar quando o evento ocorre em seu reino. Em caso de ser em outro reino, apenas a partir dos 17 anos. E têm que pagar o valor de suas conduções para suas majestades.

E a Plebe nem mesmo sonha em ir.

Eu tenho 16. Só fui nas de meu reino, e nunca com a presença do povo. Mas, para ser franca, nunca participei, de fato. Eu e meus amigos sempre pegávamos comida e íamos nos esconder em algum canto, enquanto comíamos tudo. Quando completar a idade certa, provavelmente pedirei dinheiro ao Dean para viajar. Está tudo bem, ele também não vê a hora de eu ir junto.

Tantas lembranças vêm à tona, até que alguém me tira de meus pensamentos.

─ Ayla! Zaliah! ─ Dean balança nossos ombros.

─ Minha nossa, se acalme. ─ rio de suas ações.

Ele estava muito animado com o evento; comentou sobre o mesmo durante toda a semana, e como isso poderia a fetar os reinos de todas as milhares de formas que ele teorizou. Às vezes, penso que foi uma péssima ideia me tornar próxima dele. Mas sei que é só seu jeito de ser. Eu sou pior, afinal.

─ Mas o que foi?! ─  Zaliah, como sempre, muito calma e paciente.

Sinceramente, evito falar certas coisas, de vez em quando. E perguntar seus motivos também. Deixamos ela à vontade.

─ Ali vende hidromel! ─ exclama, empolgado, apontando para um balcão de madeira.

Como ele viu isso, em questão de segundos, eu não sou capaz de saber. Mas continuou:

─ Eu sempre quis provar um desses! ─ ele argumenta. ─ Vamos lá, por favor!

─ Odeio vocês ─ brinco, cruzando os braços. ─ Vão logo, então!

É tão chato não ter idade suficiente para beber bebida alcoólica, quando seus dois amigos já têm.

─ Está bem, Dean... Vamos lá ─ ela cede.

Dean segura sua mão, correndo até o local que havia indicado. Ela, é claro, resmungou. Me sento no chão, encostada atrás de uma barraca de madeira e palha.

Há algo me incomodando há um tempo, desde que soube desse evento: meus pais. Será que ainda estão vivos? Consigo encontrá-los por aqui? Será que adoeceram? Queria tanto poder saber onde estão. Me recordo tão pouco dela, afinal, eu era bem pequena quando a vi pela última vez.

Meu pai adotivo nunca se importou muito comigo. Tudo que ele queria era alguém para trabalhar em sua casa e fora dela. Assim como o rei. Mas ele também tinha outros interesses, como preparar alguém para que, no futuro, pudesse o suceder em seu reinado ─ já que todos seus descendentes morreram ─ e diminuir a população Plebéia, que crescia descomunalmente. Ainda não sabemos quem será o próximo rei. Ao menos tive a rainha. Ela, sim, sempre gostou de mim.

Me assusto quando alguém bate com um copo sobre um balcão. Esses bêbados sempre me enojam. Olho para os mesmos, os vendo chegar à loucura da falsa felicidade. Apenas um deles não se embebedando, com sua mão apoiando sua cabeça, e seu cotovelo dobrado sobre o balcão. Talvez não tenha idade, assim como eu.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora