Capítulo XII

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Dᴇsᴘᴇɴᴅᴏ ᴜᴍ ᴛᴇᴍᴘᴏ até compreender a real gravidade da situação. Na verdade, só consegui esse feito após perceber a reação de Dean perante à notícia que recebemos. Num relance de olhar para baixo, vejo soldados de Kindell locomovendo-se bruscamente em meio à população festeira de Greenwich, a caminho da saída, na calada da noite.

Mesmo distante, consigo notar a expressão de terror presente nos mesmos. Um deles ─ enquanto tentava vestir-se de seu capacete ─ tropeça, caindo, frontalmente, no chão de terra. Outro oficial retorna em sua direção, o puxando pela armadura, abruptamente, no passo que grita algo para o mesmo.

─ É possível que eles não retornem? ─ pergunto, sem pensar devidamente.

Instalo um silêncio no corredor. Nenhum dos dois tem coragem suficiente para responder-me. Sou permitida a ouvir meu coração martelar tão forte minha pele, que causa um zumbido agoniante, que tenta escapar pelos meus ouvidos.

Instintivamente, seguro a mão de Dean. O calor que ela transmite costuma aliviar o frio da noite. No momento que volto minha atenção para frente, Connor encara nossas mãos, e, logo após, o chão. É possível que esteja chateado com todo esse alvoroço.

Não demora muito para que essa calmaria acabe, porquanto somos surpreendidos por um grupo de Nobres correndo, avulsamente, por nós. Entre eles: soldados. Servos os conduzem às partes mais interiores do palácio; mesmo, claramente, temerem por si próprios. Contudo, os oficiais seguem em rumo às saídas.

─ Alteza, tenho ordens para acompanhá-lo às Majestades, imprescindivelmente ─ diz um homem, chegando tão repentinamente, que nem pude notar sua presença antes de sua fala.

─ Eu... ─ ele olha rapidamente em minha direção. ─ Eu não posso deixá-los aqui.

─ Não se preocupe, senhor, outros servos virão para ajudá-los ─ esclaresce, quase puxando-o pelo braço.

─ Mas... ─ tenta retrucar, sendo interrompido.

─ Receio que nosso rei não ficaria contente com sua indecisão, meu príncipe ─ diz, gaguejante.

Connor repensa suas atitudes após a fala do criado, estremecendo suas pálpebras. Pede, então, que se certifique de que ficaremos em segurança. O homem acena com a cabeça, o acompanhando para junto dos outros Nobres.

─ Zaliah ─ exprime Dean, de repente. ─ Preciso encontrá-la. Não saia daqui.

Ei ─ seguro seu pulso, ao vê-lo afastar-se ─, tome cuidado.

Ele concorda, saindo de minha visão, que tentava alcançá-lo. O perigo está em Kindell, mas, quando um reino é ameaçado, todos os outros temem por suas ruínas. Pode haver espiões por aqui, ou rebeldes infiltrados em meio à Nobreza. Se esperaram sairmos para atacar, foi algo planejado.

Os soldados que partiram são do meu reino; estão voltando para lá, em número reduzido, visando enfrentar os revoltosos. Enfrentar aqueles que eu pertenço. Até chegarem lá, despenderão algumas horas. É provável que nem consigam alcançar o território antes de atearem fogo no castelo.

Eu não vou ficar estagnada aqui. Não dá. Para mim, é inviável. Sempre foi. Vejo passar, à direita do corredor, alguns Nobres portados de roupas mais espessas e onerosas; seus andares são certeiros; e suas expressões parecem confiantes, mesmo que estejam escondendo seus verdadeiros sentimentos. Decido seguí-los.

Definitivamente são de reinos distintos. Não possuem muita conversa, nem troca de olhares entre si. Sinto a real importância da situação, após notar a presença de marqueses. São protetores de fronteiras, através da defesa militar. Devem estar planejando a segurança de seus muros, evitando problemas maiores.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora