Capítulo VI

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Essᴇ ʟᴜɢᴀʀ ᴇ́ ᴀɪɴᴅᴀ pior da casa em que morava. É mais frio, mais sujo, mais escuro, mais amedrontador. E o pior de tudo, é que não fiz nada para estar aqui. Só de pensar que poderei morrer ao final do dia, já sinto calafrios. Afinal, de que adiantou viver tantas coisas até aqui, se meu fim será esse?

Talvez esteja pensando que ainda não atingi a maioridade, então não poderia pagar pelo meu suposto crime. Bom, se fosse de sangue Nobre ou Real, dependendo do crime, essa regra se aplicaria a mim, então só receberia o julgamento no próximo ano. Mas, como já esclareci, nos odeiam.

Só há dois crimes que até os mais Reais pagariam com a vida, mesmo sem ter atingido essa faixa: Assassinato direto ao rei, e relacionar-se amorosamente com indivíduos de reinos divergentes do seu.

Eu sou apenas uma suspeita, e já estou no corredor da morte. Somos ratos para eles. Qualquer  oportunidade é utilizável.

O que será que minha mãe acharia disso tudo?

Sinto saudades dela. E do meu pai. E dos meus amigos. Na verdade, de muitas pessoas, e é bem possível que não consiga revê-los novamente. Aliás, não era para estar me preocupando comigo mesma?

Ouço um barulho de algo enferrujado sendo arrastado e vejo, então, um guarda abrir, bruscamente, o portão da cela. Logo me levanto do canto onde estou, e me encosto ainda mais na parede. Será que chegou a hora? Sua mão sobre sua espada se move, indicando seu poder para fazer o que desejar, caso tente algo.

─ Pai! ─ exclamo, ao vê-lo entrar cela adentro.

Bom, não é de fato meu pai, mas cuidou de mim por uns anos. Não da melhor forma. Mas cuidou.

─ Pai, o senhor veio me tirar daqui?

Me aproximo, rapidamente, do mesmo, sem sequer perceber que estava totalmente enfurecido. Mas só fui notar, de fato, após sua mão atingir meu rosto. Demorei alguns segundos para compreender, até sentir minha bochecha arder por completo. Mas, enquanto segurava minhas lágrimas e continha minha fala, vejo seu dedo apontar para mim, com ainda mais raiva em seus olhos.

E é óbvio que não posso reclamar. Sou sua filha e... uma mulher.

─ Para você, sou William Sahn! E não ouse chamar-me por "pai"! ─ o que será que o contaram? ─ Eu tenho nojo de você! Está me ouvindo? Nojo!

É claro que não me contive após ouvir suas palavras, e logo me permiti a chorar.

Será que ainda tem sequer uma pessoa que acredita em mim? De fato, eu queria tanto um abraço agora. Mas parece que nem as pessoas mais próximas estão ao meu lado. E ainda estou presa nesse lugar horrível. Junto com pessoas horríveis. Os risinhos para mim são tão nojentos. Aliás, não só aqui. Isso está em todo lugar.

─ O que fiz de errado para que você crescesse assim...? ─ se questiona andando de um lado a outro. ─ Eu te dei tudo que precisava; tem consciência disso? Sempre soube que não era uma boa ideia adotar uma garota... Mas atentar contra a vida dos reis? Por que fizeste algo assim? Hein?! ─ eu não consigo respondê-lo... Eu nunca o vi assim antes. ─ Vamos, me responda!

─ Você deveria ter vergonha de si mesma. Veja só... Uma praga da Plebe se infiltra no palácio real e atenta contra a vida de um príncipe! E o culpado sou eu, por tê-la deixado entrar aqui. Sabe o que acho? Que eles estão certos. Traidores têm que pagar. Não acha, sua miserável? Me responda!

Minha respiração acelera, juntamente com sua raiva. Parece que irá explodir a qualquer momento.

─ Me responda quando estiver falando com você! ─ aperto meus olhos, antes mesmo que ele atinja meu rosto novamente.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora