Capítulo IX

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Nᴀ̃ᴏ sᴇɪ sᴇ ᴄᴏɴsɪɢᴏ me manter quieta por muito mais tempo. Estou em Greenwich! É um tanto diferente de Kindell, mas menos do que esperava. A organização, o tratamento com as pessoas e alguns outros aspectos que não sei descrever, são sim novos para mim. Mas acho que imaginava algo fora do imaginável, como sempre.

Foi uma difícil missão vir para cá, pois, como a feira foi adiada, ainda não atingi a maioridade, e não poderia sair de lá. Mas, com a permissão da rainha ─ que, ao perceber que estava triste, e, para compensar todo furdunço, cedeu esta licença ─ e com o dinheiro de Dean ─ tal que tive de fazer muitas caretas dignas de misericórdia para que conseguisse ─, cheguei até aqui. Sou a primeira Nobre, em muitos anos, a viajar antes de ter a idade certa. Mas ninguém se importa.

A Plebe daqui não irá participar. A Corte de Greenwich não concordou em aceitá-la no evento. Estou em outra feira apenas com os ricos e, se ainda estivesse em Kindell, me esconderia com meus amigos, como sempre fiz. Mas estou animada demais para tal.

A única que decidi realmente participar ─ sem contar com esta ─ fora a última, que incluiu o povo de lá. Irei, de fato, ver, pela primeira vez, como é estar nesta ocasião, apenas com a Nobreza e a Realeza. Sem me esconder!

Ao passar pelos portões, nos encaminhamos ao palácio, cercados por soldados, que nos protegiam da população eufórica. Não entendo por que bajulam pessoas que os desprezam tanto. É um outro fator um tanto diferente de meu reino. Também são assim, mas até certo ponto. Talvez isso proteja os ricos daqui de muitas rebeliões.

Acabaram de ceder-me um pequeno quarto aqui. Ainda escuto os barulhos dos outros visitantes pelos corredores. É até maior do que o que tenho em Kindell, mas, como têm de abrigar mais de 800 Nobres e Reais estrangeiros, não há um grande espaço para todos. Longe de mim estar reclamando; já vivi em lugares bem piores.

É bom, também, deixar claro que nem todos conseguem viajar. Ainda ficaram parte das pessoas em seus respectivos reinos. Vieram apenas quem têm como pagar suas passagens.

Ainda com um pequeno descontrole de batimentos cardíacos, avisto um papel dobrado sobre uma bela estante, que se encontrava encostada em uma das paredes do cômodo.

Me aproximo, no mesmo tempo em que faço algumas inúteis apostas do que poderia ser. Traço um caminho até o objeto, riscando a madeira do móvel com uma de minhas unhas. Ponho minhas mãos ao redor, tendo a certeza de que se trata de uma carta. Quem diabos tem interesse em mandar-me algo?

Sento-me na beirada da cama, e abro, ansiosamente, porém, mantendo o cuidado necessário, o que me enviaram. Desdobro-a completamente, colando minha atenção como nunca em um papel.

Sinto em estar atrapalhando-te em teu momento de recompor-se da longa viagem que acabou de fazer, mas não consegui conter-me ao ver teu nome na lista de estrangeiros que viriam para cá. Sei que nunca visitou Greenwich antes, então vim, por meio dessa carta, fazer-te um convite. Gostaria de entrar no Salão no horário do evento? Não sei se tem a quantidade de cobre suficiente para pagar sua entrada, mas posso dar um jeito nisto. Deixei algumas moedas de prata no envelope e, caso queira ir, estarei esperando-te. Do contrário, podes recolher estas para si. Peço-lhe apenas que, se for, não comente isto com quaisquer pessoa. Temo que o rei não goste da ideia. Bem, de qualquer forma, deixarei-te em paz e, caso aceite minha proposta, ficarei feliz em recebê-la.

Por Connor.

Ponho a mão dentro do envelope, retirando, realmente, algumas moedas de prata. Está bem... E agora? Não estava em meus planejamentos ir para o Salão. Estou pensando seriamente em apenas ficar com o dinheiro. Não é errado recusar, certo?

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora