Capítulo Três

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Arthur Maldonado Arantes

Sinto meu corpo, principalmente meus braços, reclamar pelo grande esforço físico mais não paro. Dou braçadas fortes na água, enquanto faço o mesmo percurso incontáveis vezes dentro da grande piscina. O beijo que Héktor me deu ainda não sai da minha cabeça e eu me sinto desesperado demais. Porque sim, eu gostei de beijar o meu irmão! Eu correspondi ao beijo dele! E isso está tirando minha sanidade, literalmente.

A declaração de Héktor também não para de ecoar na minha cabeça e eu só queria sumir por um segundo. Queria voltar ao passado e não estar nessa situação desesperadora. Eu não quero ferir Héktor e seus sentimentos, mas eu também não posso aceitar tudo isso. Por mais que não sejamos irmãos de sangue, fomos criados como tal. E nossos pais? Deus! Eles iriam surtar e me odiar também. Eles podem pensar que eu influenciei Héktor de alguma forma, que eu forcei uma situação. Eu nem sou filho de sangue deles, e se eles me virassem as costas? Eu estaria perdido.

Mas o que mais me assusta em tudo isso, é saber que não sou imune a ele. Mesmo querendo ser, Héktor despertou algo em mim que me causa muito medo. E beijar ele hoje foi uma confirmação de que eu devo ficar longe e não ceder a essa história. Nós dois não temos um futuro juntos, então não vale arriscar tudo por isso. Sem contar que Héktor pode encontrar alguém que seja bom para ele, que o trate da forma que ele merece.

Paro de nadar e levanto meu rosto, respirando fundo, recuperando meu fôlego. Meu peito sobe e desce com intensidade e fecho meus olhos, tentando acalmar minha respiração.

Porra! Por que me incomoda a ideia de Héktor ter alguém? Eu sempre fui muito protetor com relação aos meus irmãos, mas principalmente com Héktor. Alessa é mais durona do que nós dois juntos e dispensa qualquer cuidado, mas Hék não. Nós dois sempre fomos muito apegados desde sempre e eu gosto de cuidar dele, mesmo agora, já estando um adulto.

- Droga! - Soco a água, fazendo ela espirrar para todos os lados, inclusive em meu rosto.

- Com raiva? - Ouço a voz conhecida e ao me virar, vejo meu pai Apolo me encarando com curiosidade.

- Talvez. - Respondo na defensiva.

- Quer conversar? - Ele pergunta e eu fico em silêncio.

Observo meu pai em sua cadeira de rodas na borda da piscina, me encarando com preocupação agora. Nós dois sempre tivemos uma ligação muito forte, mas eu não sei se ele me apoia em tudo, ainda mais em uma situação como a que estou vivendo. Como posso chegar nele e pedir um conselho? Então, pai, Héktor está apaixonado por mim. O que eu devo fazer?

Solto um suspiro pesado e nado na direção dele, me sentando na borda da piscina em seguida.

- Acho que o senhor não vai me entender. - Falo, após incontáveis segundos em silêncio.

- Eu posso tentar. - Ele diz e abre um sorriso pequeno.

Tento sorrir também, mas não é algo que eu consiga no momento. Meu estômago revira e sinto como se pudesse vomitar a qualquer momento. Logo eu faço trinta anos e agora estou aqui igual ao garotinho medroso que eu era aos seis anos de idade.

- Tem um cara que se declarou apaixonado por mim e isso me deixou muito confuso. Eu conheço ele há anos e nunca o tinha visto de uma forma diferente, mas depois dessa declaração algo mudou em mim. Eu quis acreditar que não, que não havia nada de diferente, mas hoje esse cara me beijou e eu enlouqueci. - Conto e ouço meu pai rir.

- É exatamente isso que acontece quando estamos apaixonados. A gente pira! - Ele diz com humor, mas eu não consigo rir. Na verdade, eu entro ainda mais em pânico.

InCompatíveis | Livro 02 - Série Amores Indomáveis Onde histórias criam vida. Descubra agora