Capítulo Dezessete

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Lucio Maldonado Arantes

Acho que o maior medo dos pais é falhar com seus filhos de alguma maneira e nesse momento eu sinto que falhei, que não pude dar algo que em algum momento eles precisaram. Receber a notícia do relacionamento entre Arthur e Héktor foi um choque, algo que eu realmente não esperava receber. E o que mais me dói no momento é pensar que eles não se sentiram seguros para dividir esse fato comigo antes.

Confesso que ainda não faz sentido em minha cabeça o namoro dos dois, afinal são meus filhos, sempre o vi como irmãos apesar de não compartilharem o mesmo sangue. Mas isso sempre foi um mínimo detalhe, pois o meu amor pelos três é exatamente igual. Eu quero ser o melhor para cada um deles, poder suprir seus medos e tudo aquilo que eles esperam de mim. Por isso eu penso que falhei miseravelmente.

Sinto algumas lágrimas descerem por meu rosto, embaçando minha visão. Tento conter meu choro, mas não consigo, eu me sinto excluído de alguma forma, sinto que não tenho a confiança dos meus próprios filhos, pessoas pelas quais eu daria a minha vida sem sequer pensar.

E agora eu vou ser avô? Sendo essa criança filha dos meus dois filhos. Ok, isso é tão confuso.

Ouço a porta do meu quarto se abrindo, mas não me movo nem um centímetro, pois sei exatamente quem é. E não demora muito para que eu veja Apolo em minha frente, me puxando para me sentar em seu colo. Não luto contra isso, apenas afundo meu rosto em seu pescoço e o abraço com força.

Não falamos nenhuma palavra por vários minutos a fio, e eu agradeço internamente por isso. Apolo apenas me abraça e me conforta em silêncio, me deixando mais calmo a cada toque suave em mim.

- Acha que sou um pai ruim? - pergunto após algum tempo, temendo pela resposta.

Meu coração bate acelerado em meu peito e se torna um pouco difícil respirar, o que me faz afastar meu rosto do pescoço de Apolo, ficando de frente a ele.

- Por que acha isso? - meu marido questiona e seus olhos estão fixos nos meus. E eles continuam sendo os mesmos que me confortam desde os meus quinze anos.

- Olha onde estamos, Apolo! Meus filhos não confiam em mim - respondo e novas lágrimas descem por meu rosto.

- Não é assim, amor. Eles confiam em você sim, só estavam com medo. Se eu não tivesse pegado os dois juntos, também só estaria sabendo de tudo agora. Não sou melhor que você por saber de tudo antes, foi só o destino. E eu os entendo, afinal são irmãos. Na cabeça deles isso seria traumático para nós dois, principalmente para você. Na verdade, isso foi algo difícil para eles mesmos aceitarem.

- Eu sei que não é algo fácil, mas eu não sou um monstro... a felicidade dos meus filhos sempre virá em primeiro lugar para mim. Ok, eu ainda não entendo como tudo isso aconteceu, mas não sou ninguém para julgar os dois. Só queria que pudessem contar comigo para qualquer coisa, também posso ser um ombro amigo para cada um deles - falo em meio ao choro.

- E por que você não fala isso a eles, hein? Arthur e Héktor, principalmente, vão precisar do seu apoio agora. Vamos ter um neto, essa notícia vai chocar boa parte da família e precisamos ser o suporte que eles precisam diante as pessoas que não entendem o amor dos dois - Apolo diz e eu sei que ele está certo.

- Não quero que machuquem nossos filhos - falo com meu coração apertado de medo.

- E não vão, pois estaremos segurando as mãos dos dois.

Aceno em concordância e respiro fundo, enxugando meu rosto. Eu me sinto uma completa bagunça. Ainda não assimilei totalmente a ideia de dois filhos meus namorando e tendo um bebê juntos, mas eu sei que amo os dois e sou capaz de tudo para protegê-los.

InCompatíveis | Livro 02 - Série Amores Indomáveis Onde histórias criam vida. Descubra agora