Capítulo Onze

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Héktor Maldonado Arantes

Coloco algumas roupas em uma bolsa e também produtos de higiene para o final de semana. Arthur não fará plantão durante esses dois dias e me convidou para ficar em seu apartamento e obviamente eu não recusei o convite. Nosso tempo juntos é realmente escasso, já que quando ele está aqui em casa, precisamos fingir ser os melhores irmãos que existe. É sufocante essa situação, mas sei que não podemos fazer nada a respeito ainda. Por mais que eu queira gritar para o mundo que estamos juntos, as coisas não funcionam assim nas circunstâncias que estamos. O medo é um fator constante.

Solto um suspiro e fecho meus olhos, deixando meu corpo cair de encontro ao colchão macio. Eu só queria que as coisas fossem mais fáceis. Só queria poder desfrutar dos bons momentos com meu namorado em paz. Mas sei que o preconceito vai ser grande e tenho medo que venha de dentro do nosso próprio lar. Por mais que eu saiba do amor dos nossos pais por nós, vai ser um verdadeiro choque quando eles souberem a verdade.

Duas batidas na porta me tiram dos meus pensamentos e abro meus olhos, pedindo para a pessoa entrar. Segundos depois a porta se abre e vejo Alessa entrando em meu quarto. Ela tem uma expressão de cachorro abandonado e reviro meus olhos automaticamente. Nossa relação ainda permanece abalada depois de tudo o que ela me disse e isso já faz semanas. Eu não quis me aproximar e ela também não o fez, até agora.

- Podemos conversar? - Alessa pergunta enquanto se senta na poltrona do quarto.

- Já estamos, não? - Falo e acabo soando rude, mas realmente não me importo muito.

Eu sempre fui o maior apoiador da minha irmã, porque ela é minha metade, literalmente. Eu a amo muito e sou capaz de muitas coisas por ela, mas eu me decepcionei quando foi eu quem precisava de apoio e ela me disse coisas que me deixaram mal para caramba.

- Sério, Hék... preciso te pedir desculpas pelo que disse. Sei que não tem culpa do que houve, eu só tive muito medo de perder você naquele dia e acabei falando demais. - Ela diz e eu solto uma risada amarga.

- Você disse a verdade, mas eu não precisava ouvir ela naquele momento. É duro saber que eu mesmo me levei aquilo, mas não tive o controle. Eu, mas do que ninguém, quero ficar bem e livre de toda essa merda, mas é difícil. Então, naquele momento, eu só precisava de um abraço e nada mais. - Falo e vejo seus olhos se enchendo de lágrimas.

- Eu sei, maninho, e por isso te peço perdão. Eu nunca na minha vida quero magoar você, mas acabei fazendo isso e me arrependo muito. Eu te amo mais que a mim mesma, sabe disso. Não estou feliz se você não estiver, entende?  - Pergunta e é claro que eu entendo, pois sinto a mesma coisa em relação a ela.

- Só não faça mais isso, ok? Vai ter horas que você pode me jogar verdades na cara à vontade. - Falo e tento brincar um pouco, o que arranca uma risada baixa dela.

- Estamos bem de novo? - Alessa questiona e seus olhos de cachorrinho que caiu da mudança me irrita, pois me amolece.

- Sim, estamos bem. - Respondo por fim e vejo seu sorriso se ampliar.

E não demora nem um segundo para que Alessa esteja pulando em cima de mim, me sufocando em um abraço super apertado. Solto um bufo baixinho, mas sorrio e a aperto também, pois senti saudades da minha matadinha durante esses dias.

[...]

Alessa e eu passamos boa parte da tarde juntos, já que ela queria atualizações sobre o namoro dos irmãos, palavras dela. E confesso que foi bom poder compartilhar isso com alguém que não seja Arthur. Até pensei em contar para Gustavo, mas ainda tenho medo dele surtar. Minha outra opção também seria Otávio, mas depois do que houve, achei melhor não dizer nada. Acho que no momento ele está mais preocupado com outros assuntos e não o julgo, faria o mesmo em seu lugar. E também tem o fato de nossa amizade ter sido estremecida após o episódio dele com Arthur. Eca, não gosto nem de lembrar.

InCompatíveis | Livro 02 - Série Amores Indomáveis Onde histórias criam vida. Descubra agora