Capítulo Quinze

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Arthur Maldonado

Deixo meu corpo cansado cair sobre a cadeira de couro do meu consultório e um suspiro escapa por minha boca. Depois de um plantão de 36 horas eu só quero ir para meu apartamento e me afundar em minha cama macia. E de bônus, se tivesse Héktor seria ainda melhor... muito melhor. Fecho meus olhos por um momento e as preocupações voltam a me assolar. Já faz algumas semanas desde que meu pai Apolo descobriu sobre nós dois. E eu sei que não temos muito tempo mais para contar ao pai Lucio também. Sei que Héktor está com muito medo desse momento, mas não podemos mais adiar, já fizemos isso o suficiente.

Sinto meu celular vibrando no bolso da calça e isso é suficiente para me tirar dos meus devaneios. Abro meus olhos e pego o aparelho, vendo o nome de pai Apolo na tela.

- Oi, pai! - falo ao atender a ligação, tendo um sorriso pequeno no rosto.

- Ei, tudo bem? Hék me disse que está de plantão.

- Sim, já estou de saída aliás. Preciso de algumas horas de sono.

- Sim, filho, vá descansar. Mas eu queria saber se consegue vir almoçar em casa amanhã? Se estiverem prontos, seria um bom momento para contar ao seu pai. Não quero pressionar vocês, sabem que não, mas quanto mais o tempo passar, pior será. - Ele diz e sei que tem toda a razão, mas é tão difícil.

- Sim, o senhor tem razão. Falarei com Héktor - respondo em um suspiro cansado.

Falo com meu pai por mais alguns minutos e me sinto um pouco aliviado quando a ligação se encerra. Me levanto da cadeira e começo a arrumar minhas coisas para ir embora. Mando uma breve mensagem para Héktor e saio do meu consultório, só ansiando estar em casa logo. Acabo encontrando Otávio pelo caminho e o cumprimento brevemente. É tão perceptível o quanto ele está mais leve nos últimos dias. O amor realmente deixa as pessoas mais felizes.

[...]

Sinto uma leve carícia em meu rosto e aos poucos vou despertando, abrindo um sorriso ao saber quem está ao meu lado. O sono ainda é muito presente em mim, mas faço questão de espantá-lo quando meus olhos se abrem e vejo Héktor em minha frente, ele está deitado na cama e sua mão continua a acariciar o meu rosto, o que me deixa ainda mais sonolento. Não faço ideia de que horas seja, mas ao ver o quarto escuro me dá uma breve noção. Acabei desmaiando ao chegar em casa e não me importei com mais nada.

- Volta a dormir, sei que está cansado. - Ele diz e mesmo com a voz suave, posso sentir um pouco de preocupação nele.

- Tudo bem, o que foi? Pai Apolo também falou com você? - pergunto e ouço ele suspirar de maneira pesada.

- Sim, ele disse - Héktor responde e sua mão abandona meu rosto. Ele se vira, ficando de costas contra o colchão e seus olhos encaram o teto do quarto. - Eu só queria mais tempo, eu me sinto tão sobrecarregado com essa situação. Meu medo está gritando. Sei que papai nos ama, mas isso será demais para ele... pode apostar.

- Ei, não pense demais. Já falamos sobre isso milhões de vezes, Héktor - falo e me coloco sobre ele, fazendo seus olhos se encontrar com os meus. - Não podemos fazer o medo sumir, mas não podemos ser reféns dele. São nossas vidas, ele vai escolher se fica ao nosso lado ou não.

- Eu sei, mas... - Ele não continua sua fala e eu sinto que há algo a mais que está o incomodando.

- Há alguma coisa que eu não sei, Héktor? - pergunto e seus olhos se desviam dos meus.

Ele não diz nada por inúmeros segundos, mas vejo que seus olhos se enchem de lágrimas e ele está muito nervoso, suas mãos apertadas uma na outra me provam isso e sua mania frenética de morder os lábios também.

InCompatíveis | Livro 02 - Série Amores Indomáveis Onde histórias criam vida. Descubra agora