Héktor Maldonado
É realmente bom não ter que esconder nada de ninguém, só Deus sabe o quanto eu me sinto aliviado em não carregar mais esse fardo. Eu me sinto leve e feliz. Porque o mais importante eu já tenho... o apoio da minha família, das pessoas que eu amo incondicionalmente. Sei que ainda não contamos ao resto da família, mas isso não me preocupa mais como antes, pois tendo o apoio dos meus pais, eu tenho absolutamente tudo.
Poder simplesmente andar de mãos dadas com Arthur é uma sensação de outro mundo, uma a qual eu já estava desistindo de sentir. E agora nós temos um bebê à caminho, fruto do nosso amor. É como se eu estivesse em um sonho e minha vontade é nunca acordar. Eu só quero aproveitar essa felicidade e os momentos de paz ao máximo. Mesmo sabendo que a vida não é um conto de fadas, eu quero poder escrever o meu da melhor maneira possível.
- Ei! - A voz grave chama a minha atenção e sinto um beijo rápido em meus lábios, me trazendo de volta à realidade.
- Oi, amor - sorrio, o vendo com o rosto em minha frente, e lhe dou mais um selinho.
- O café está pronto - Arthur diz e coloca um pote de salada de frutas em minha frente. - Espero que o bebê goste. - Ele fala, pensativo enquanto olha para meu ventre sem volume que eu acaricio.
- Aposto que ele vai amar, papai babão de primeira viagem - falo com humor e ele suspira.
- Não me julgue, nós dois somos. E mesmo sendo médico, não me especializei nessa área, não sei o que fazer. Acho que preciso conversar com o obstetra e pegar algumas dicas. - Ele diz, sério, e me seguro para não rir.
- Que tal hoje? - pergunto como quem não quer nada e começo a comer.
- Hoje? - Ele retruca e bebê um gole de seu café sem açúcar. Eca!
- Sim, hoje nós temos a primeira consulta para ver o bebê - respondo e vejo seus olhos se arregalando levemente.
- E por que só estou sabendo disso agora?
- Foram muitas coisas, amor, me esqueci de mencionar. Mas no dia em que fui pegar o resultado do exame já deixei uma consulta agendada - explico a ele e afasto a salada de frutas quando me sinto satisfeito e prestes a vomitar.
- Qual é o médico? - Ele pergunta e me estende um pão de queijo, mas nego com uma careta.
- Não sei, Otávio quem marcou para mim - respondo e vejo sua expressão se tornar surpresa.
- Sério? Vocês estão bem? - Arthur pergunta e vejo um pequeno sorriso em seu rosto.
Não posso mentir e dizer que já superei o episódio dos dois juntos, mas eu já perdoei Otávio por aquilo. Na verdade, eu nem tinha o direito de me sentir ofendido, mas foi muito mais forte do que eu. Quando se ama, nos tornamos irracionais, mesmo não estando com essa pessoa. E naquela época doeu muito ver meu melhor amigo sair do quarto do homem que eu amo e era impossível para mim. Eu vi como uma traição e realmente foi, pois ele sabia dos meus sentimentos, mesmo os dois sendo livres. Porém, mesmo com tudo isso, eu decidi deixar para trás, pois não faz bem remoer o passado. Eu tenho Arthur agora, estou esperando um filho dele. E Otávio nunca esteve interessado em meu namorado de uma forma romântica, quem ele ama de verdade é o Evan e sempre será assim. Então, no fim, tudo foi um infeliz acontecimento que serviu para que eu tomasse uma atitude, assim como Otávio.
- Acho que sim - falo e solto um suspiro. - Otávio continua sendo uma das pessoas em quem eu mais confio, tanto que foi a ele que procurei quando suspeitei da gravidez e foi ele que me deu um ombro amigo. Tudo o que aconteceu doeu, mas está no passado. O importante é o que estamos vivendo agora.
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InCompatíveis | Livro 02 - Série Amores Indomáveis
RomanceIncompatível, segundo o dicionário, algo que não pode existir juntamente com outro. E, se pessoas podem ser incompatíveis, automaticamente um amor entre ambos se torna impossível, certo? Errado! Quando se há amor, até pessoas ditas incompatíveis...