Capítulo Um

3.1K 463 201
                                    

* Uma semana depois... *

Arthur Maldonado Arantes

Saio de mais uma cirurgia para colocar ossos de braços quebrados no lugar e solto um suspiro, sentindo minha cabeça doer. O incômodo e cansaço nem são por causa das três cirurgias que realizei apenas no plantão de hoje, mas sim pelo turbilhão de pensamentos que não saem da minha cabeça um minuto sequer.

Sigo em passos lentos até meu consultório, só querendo um remédio para dor e minha cama. Acabo cruzando com Otávio nos corredores do hospital e sorrio pequeno para ele, recebendo apenas um aceno em troca. Sei que ele não está nos melhores dias, desde o acidente de Evan. E agora eu que não estou, simplesmente porque meu irmão caçula decidiu se declarar para mim.

E, droga! Eu não consigo mais pensar em nada que não seja aquela declaração. Já fazem dias, mas tudo se repete de maneira vivida em minha cabeça. E eu não faço ideia do porquê isso mexeu tanto comigo. Eu já disse que não retribuo os sentimentos dele, mas por que sinto meu coração bater mais forte toda vez que nos cruzamos em casa?

Já percebi que Héktor se afastou bruscamente de mim. Antes nós éramos mais ligados, eu sempre o defendi e o tive debaixo das minhas asas, afinal de contas ele é meu irmãozinho. Héktor também sempre foi muito sensível, uma palavra dita errado e ele se magoa. E agora eu posso ver essa mágoa em seus olhos após minha resposta. Na verdade, vejo essa mágoa desde o dia em que dormi com Otávio, mas não imaginava que o motivo seria porque meu irmão é apaixonado por mim.

É tão estranha toda essa situação, eu realmente não sei o que fazer com tudo o que Héktor jogou em meu colo como uma bomba. Sinto que vou explodir a qualquer momento e isso não é bom. Eu não estou conseguindo nem olhar para os meus pais direito, já que me sinto traindo eles de alguma forma.

E eu não entendo como isso foi acontecer. Eu nunca tratei Héktor diferente, sempre o vi como meu irmão, assim como Alessa. Apesar de não possuir o mesmo sangue que eles e meus pais, eu os amo dessa forma... Ou, pelo menos pensava amar.

Eu só sei que está uma bagunça dentro de mim e não consigo achar uma brecha para me acalmar e colocar as coisas no lugar.

Abro a porta do meu consultório e me sinto aliviado ao entrar na sala. Dou uma olhada rápida em meu relógio de pulso e percebo que falta pouco mais de uma hora para meu plantão acabar. E como não há nenhuma chamada urgente por mim, eu aproveito para me deitar no sofá confortável da sala.

Sinto meu corpo relaxar ao estar em contato com o estofado e fecho meus olhos, respirando fundo. Penso que agora posso descansar um pouco, mas assim como na última semana, minha mente é tomada por uma única pessoa.

Só nessa semana que se passou, eu já sonhei com Héktor cinco vezes e ele está em meus pensamentos 24hr por dia. E o que mais me tira do sério, é que nesses sonhos, na maioria deles, eu estou beijando ele... EU ESTOU BEIJANDO MEU IRMÃO! E isso é demais para mim. É realmente como uma traição, o maior pecado do mundo e me sinto tão sujo. Porque até aquele dia, eu via Héktor de uma forma, mas parece que foi só ele abrir a boca e algo despertou em mim.

Mas tudo isso é tão errado, que eu perco totalmente qualquer convicção que eu tinha.

[...]

Assim que meu plantão se encerra, eu fico muito feliz em ir embora. Mas, ao invés de seguir para casa, eu desvio minha rota e procuro as duas pessoas em quem mais confio após meus pais.

Estaciono meu carro minutos depois em frente ao prédio de estrutura média, mas muito aconchegante e saio do carro em seguida. Cumprimento o porteiro ao passar, sorrindo, já que ele me conhece há bastante tempo. Pego o elevador e me sinto um pouco impaciente, até estar de frente ao meu destino.

InCompatíveis | Livro 02 - Série Amores Indomáveis Onde histórias criam vida. Descubra agora