Arthur Maldonado
Tudo entre mim e Héktor aconteceu muito rápido e mesmo estando feliz com ele, sinto que perdemos algumas coisas. Por exemplo, nunca tivemos um primeiro encontro, uma viagem só nós dois para curtir, coisas bobas de todos os casais. Por isso hoje decidi fazer algo diferente para nós dois. Mesmo passando boa parte do tempo em meu apartamento, Hék ainda mora oficialmente com nossos pais e é lá onde ele se encontra. Combinamos que eu o buscaria para passar a noite comigo. Quis fazer uma surpresa, por isso não contei que teríamos nosso primeiro encontro (muito atrasado) hoje.
Respiro fundo e mando uma mensagem para Alessa, já que ela é minha cúmplice. Minha irmã rapidamente responde que Héktor está pronto, contra sua vontade, pois ao ver dele um pijama estava mais do que ótimo para apenas ir para o meu apartamento. Solto uma risada e é automático quando meu peito se aperta de amor ao pensar naquele homem que ilumina todos os meus dias desde sua existência.
Termino de passar perfume e saio do quarto, checando mentalmente se está tudo ok. Pego o grande buquê de rosas vermelhas e saio de casa, seguindo pelo elevador até a garagem. Destravo meu carro e sigo até o veículo, mas antes que eu possa entrar meus passos são cessados. Sinto todo meu corpo paralisar ao ver o homem a poucos metros de mim. Ele me analisa e tomba a cabeça, me olhando por longos segundos até vir em minha direção.
Aperto o buquê com força em minha mão e tento ao máximo não demonstrar fraqueza.
Você não é mais um garotinho de cinco anos, Arthur!
- Filho...
Ouvir isso da boca desse homem me causa repulsa e ânsia. Eu facilmente poderia vomitar aos seus pés, mas me controlo ao máximo. Ele não é absolutamente nada e não tem poder nenhum sobre mim.
- Creio que o senhor está equivocado. Nós não temos nenhum tipo de laço ou parentesco - falo, tentando manter minha voz o mais firme possível.
- Fi...
- Com licença, estou atrasado para um compromisso - corto sua fala e volto a dar passos até meu carro, mas uma mão em meu braço me faz parar.
Todo meu corpo se arrepia e sinto minha pele queimar onde seu toque está. Com um impulso de raiva me afasto dele e olho em sua face, tendo fogo em meus olhos.
- Eu não sei o que você pretende, mas não tente me usar. Você e eu não temos absolutamente nada em comum, eu odeio você e tudo o que representa. E pelo amor de Deus, não me chame de filho, você nunca teve esse direito... jamais vai saber o que a palavra pai significa de verdade. Você foi apenas um doador e graças a Deus eu não vim danificado com a sua podridão - sou duro em cada uma das minhas palavras, mas é como se um peso saísse das minhas costas ao dizê-las.
- Seu filho da puta! O qu...
- Isso, deixe sua máscara cair. Mas fique com meu aviso em mente... volte a me atormentar e sua volta para a cadeia será garantida, Vicente - seu nome sai com escárnio da minha boca e dou as costas para ele, entrando em meu carro.
Fecho a porta com um pouco de força, deixo o buquê no assento do carona e sou rápido em dar partida, saindo cantando pneu. Meu coração bate acelerado em meu peito e minha cabeça está a mil por hora. É incrível como esse homem ainda tem o poder de me desestabilizar. Mesmo não querendo, eu me sinto uma criança encurralada.
Tento me acalmar no caminho para a casa dos meus pais, pois não quero preocupar ninguém e muito menos estragar toda a noite que planejei para Héktor. É somente isso que me importa, por isso esvazio minha mente e penso apenas nele e em nossos bebês. É eles que me importam, eles que me fazem querer levantar todos os dias. É por eles que serei forte e não deixarei um demônio do meu passado estragar meu presente e futuro.
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InCompatíveis | Livro 02 - Série Amores Indomáveis
RomansaIncompatível, segundo o dicionário, algo que não pode existir juntamente com outro. E, se pessoas podem ser incompatíveis, automaticamente um amor entre ambos se torna impossível, certo? Errado! Quando se há amor, até pessoas ditas incompatíveis...