Capítulo 3: Livraria

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Isso é coisa da sua cabeça, Dominick, repreendi-me mentalmente. É só a sua mente cansada.

Continuei andando na calçada em uma rua da Upper East Side, com as mãos nos bolsos. Estava frio, e havia várias camadas de neve cobrindo as calçadas.

Duas quadras, só isso.

Mas que diabos estava acontecendo comigo? Eu me sentia tão estranha... era como se algo bom estivesse para acontecer.

Resolvi colocar os fones de ouvido em Use Somebody do Kings of Leon. Ouvir música sempre me fez muito bem, ela me levava para outro mundo onde eu sentia que tudo o que eu sempre sonhei podia ser real.

Atravessei um cruzamento e continuei andando. Já dava pra ver a livraria no outro lado da rua com um grande letreiro em neon amarelo escrito Book's Library. Atravessei a rua já na frente da livraria e quando coloquei o pé na entrada, um velho calafrio muito familiar percorreu minha espinha e me fez estremecer. A fachada era pequena e, fora as portas giratórias, era como a fachada de um prédio antigo.

- Céus - murmurei, inquieta. - O que é isso?

Passei pela porta giratória e eu estava na grande livraria. E era grande mesmo.

Era como um shopping, só que de livros. A minha frente, uma amurada de madeira se estendia em um circulo enorme que dava vista para andar de baixo. Eu conhecia aquela livraria tão bem que já sabia onde os livros estavam.

Em meus fones, Haunted da Beyoncé começou a tocar. Eu simplesmente amava essa música. Era intensa e eu, às vezes, me identificava com ela.

Peguei as escadas para ir até o andar de baixo e o doce aroma do café da cafeteria invadiu minhas narinas, inebriando-me. Eu sempre amei café e às vezes imagino que é a isso que sou movida. Desde os meus oito anos, eu tomo o café do meu pai que é o melhor do mundo.

Nota mental: comprar café.

Olhei para os lados e fui para a parte dos romances, murmurando a música em meus ouvidos. Todos os meus livros estavam ali, mas em pilhas quase vazias, o que significava que quase todos já haviam sido vendidos. Parei em uma bancada de romances eróticos e comecei a procurar pela trilogia.

Senti a presença de alguém atrás de mim, mas não dei importância. Aquele arrepio que senti quando entrei na livraria me percorreu novamente, porém mais intenso. 

Comecei a caminhar lentamente para o lado sem tirar os olhos dos livros até que esbarrei em alguém e um par de livros vermelhos caíram. Uma descarga elétrica abateu sobre mim, me percorrendo junto ao mesmo arrepio ainda mais intenso. Senti meu rosto esquentar enquanto me abaixava para pegar os livros e me desculpava e a pessoa em que esbarrei também se abaixou, dizendo que estava tudo bem.

Meu coração quase parou quando vi com quem tinha esbarrado.

O ar entre nós dois ficou quente e quase palpável. A eletricidade ficava mais intensa a cada segundo que passava e ia cada vez mais fundo em mim. Não podia ser ele, ele sumiu há tanto tempo... mas aqueles olhos azuis, as sardas e a cabeleira ruiva eram impossíveis de serem confundidos.

Meu queixo simplesmente caiu no chão.

- Ah, meu Deus... - murmurei, sentindo todas as minhas estruturas abalando, minha voz subindo um pouco as oitavas. - Jay?

- Ah, não - ele murmurou, alarmado. - Nick, é você...

Hesitei. Ele lembrava. Lembrava de mim mesmo depois de todo esse tempo.

- Acho que sim - murmurei, quase sem voz.

Meu mundo estava girando. Quem diria que encontraria Jason Steele novamente? Meu melhor amigo de infância. Minha antiga paixão platônica.

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