Capítulo 36: Pode me chamar de louco

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Narração de Jason

Estar em casa sozinho tem seus lados bons, mas estar em casa à toa com Tyler era ainda melhor.

Compramos brinquedos e brincamos de vários tipos de brincadeiras e jogos durante a tarde toda e acabamos fazendo a maior bagunça, mas só reparo nisso quando Nick chega ao anoitecer e arregala os olhos ao ver brinquedos espalhados por toda a sala e Tyler e eu no sofá assistindo desenhos.

Eu estou morto.

Dominick conta até dez silenciosamente e respira fundo.

– Eu vou tomar um banho de três minutos e me vestir em dois, ou seja, vocês têm cinco minutos – ela diz calma, mas com certeza estava explodindo de estresse –, e quando eu voltar para fazer o jantar, não quero ver um brinquedo fora do lugar.

Dito isso, Dominick sobe as escadas e Tyler e eu começamos a arrumar a sala como o Flash.

– A gente devia ter feito isso quando eu disse, papai – diz Tyler.

– Vai bancar uma de espertinho comigo? – pergunto sorrindo enquanto Tyler guarda um brinquedo dentro da caixa que eu segurava.

– Só estou dizendo a verdade – Tyler sorri.

– Ah, é? – arqueio uma sobrancelha. – Então acho que não vai se importar de arrumar tudo sozinho e…

– Não, papai! – ele ri.

– Ah, ótimo – dou risada e pego um carrinho de controle remoto e o guardo. – Gostou da nossa tarde?

– Aham – ele sorri, com os olhos brilhando –, eu nunca tive tantos brinquedos assim.

– Eu também não, baixinho – sorrio.

Terminamos de guardar os brinquedos na mesma hora em que Dominick desceu as escadas.

– De onde vocês tiraram tantos brinquedos? – ela pergunta.

– Compramos – respondo levantando-me e a beijo.

– Voltando a ser criança – Nick sorri –, tudo bem, gatinho?

– Sim – Tyler responde indo para o sofá.

Dominick olha pra mim, mas não havia confusão em seus olhos e sim um pouquinho de tristeza. 

– Vamos – digo –, eu te ajudo com o jantar.

Dominick e eu seguimos para o corredor e entramos na cozinha.

– Jay, eu preciso te contar uma coisa – ela diz.

Noto suas olheiras fracas e o quão cansada parecia estar, mas não falo nada a respeito.

– Percebi – digo depois de um suspiro. – O que houve?

– O Ty… ele anda meio distante de mim, não sei – ela respira fundo e começa a lavar as mãos. – Desde ontem, depois do parque, ele não me chamou de mãe e não fala direito comigo.

– Que estranho – comento enquanto coço o queixo –, é certo que ele é meio tímido, mas às vezes eu tenho a impressão de que ele gosta mais de você do que de mim.

– Isso era fato – ela ri –, era. Será que fiz algo errado com ele e não percebi?

– Eu acho que é saudade da mãe dele – digo. – Sei que a mãe dele era um tipo de monstro, mas… ainda é mãe dele.

– Tomara que você esteja certo – ela diz –, eu gosto tanto dele.

– Eu sei que gosta – sorrio e a abraço por trás, acariciando sua barriga nada aparente. – Vai ficar tudo bem, meu anjo, isso deve ser passageiro. Ele ainda está se adaptando a nova vida e isso é difícil. Sabemos como é.

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