41. Settle down, it'll all be clear

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Depois de três semanas tudo ainda era muito cinza. Os dias passaram sem que eu tivesse noção disso. Nada era bom o suficiente para me fazer querer sair de casa, apenas para comprar comida, porque minha mãe também não estava no clima.

Minha mãe teve que voltar ao trabalho 1 semana depois, mas eu simplesmente não conseguia voltar a fazer as minhas coisas direito. Voltei à faculdade semana passada, só que eu não estava rendendo. Faltei alguns dias e nos outros minha mente ficou vagando durante as aulas, correndo por qualquer lugar, voltando para todos os lugares que eu lembrava de estar com meu pai.

Minha mãe está sendo muito forte, mas para mim o peso dessas semanas está sendo maior que no dia de sua morte. A Anna estava vindo aqui em casa quase todos os dias, mas de uns dias para cá pedi para ficar um tempo sozinha. Eu não estou com vontade de nada e depois de tudo que Anna e Harry descobriram, sobre suas vidas, eles já tem problemas demais para se preocupar.  Não quero ser mais uma preocupação.

Eu estou destruída, mas eles também estão e não acho justo que precisem fingir que estão bem para me apoiarem. Talvez esse seja um dos maiores motivos por eu estar evitando eles.

Minha mente está tão louca, tão cansada e pesada que prefiro ficar quieta. Sinto vontade de gritar, chorar, me isolar, por isso não quero afetar ninguém com meu turbilhão de sentimentos. Não consigo esconder minha negatividade momentânea e não quero acertar os outros com minha nebulosidade.

Faz tempo que não vejo o Harry, lhe pedi para não vir aqui. Ele manda algumas mensagens, mas não o respondo. O Harry me faz lembrar que meu pai se foi sem que eu lhe contasse a verdade de tudo. Eu não pude dizer que minha relação com o Harry era falsa e isso me dói. Todas as noites antes de dormir peço desculpas e rezo para que me ouça e entenda.

- Carolina? - minha mãe disse quando chegou e limpou os pés no tapete da porta.

Ela se aproximou e beijou minha cabeça.

Eu estava no sofá da sala com um travesseiro distraída e sem pensar em nada - finalmente -.

- Não foi para a faculdade, minha filha? - ela descansou os ombros para baixo - De novo?

Neguei com a cabeça.

- Tudo bem - ela sentou ao meu lado - No seu tempo.

Coloquei o travesseiro nas suas pernas e deitei a cabeça para que ela alisasse o meu cabelo.

- Por que você disse para a Anna não vim? Não é bom, uma amiga por perto?

- Não estou afim. Eu quero ficar sozinha. - disse olhando para a lâmpada apagada no teto.

- Mas não é bom ficar sozinha sempre, ainda mais agora - Lauren insistia - O Harry não apareceu nenhum dia durante essas semanas... aconteceu alguma coisa?

- Não - fechei os olhos.

- Tá bom - ela preferiu não continuar - Eu trouxe o almoço.

Lauren segurou minha cabeça enquanto se levantava e cuidadosamente me ajeitou de volta no sofá. Foi até a mesa e abriu as embalagens de comida.

- Venha para não esfriar - me pediu.

Espetei um brócolis com o garfo e fiquei o encarando enquanto o balançava no prato de um lado para o outro. Minha mãe estava começando a ficar preocupada comigo, eu devo ter emagrecido um pouco e estava mais pálida.

- Carolina, coma - ela tentou ser doce, mas ainda firme - Agora eu não estou pedindo, estou mandando.

O vegetal desceu com dificuldade pela garganta, se misturando ao nó que se formava na minha tentativa de não chorar.

Agora Você Me Conhece ||H.S||Onde histórias criam vida. Descubra agora