2. In the pub that we met

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Acordei com a luz do sol refletindo em meu rosto pálido. Diferente de ontem, hoje amanheceu bem quente e ensolarado. Levantei da cama, fiz minhas higienes matinais e desci até a cozinha. Preciso tomar um café e depois decidir o que fazer em um dia livre. 

Ao descer as escadas, ouvi meus pais conversando, não pude evitar bisbilhotar, foi mais forte do que eu.

— Amor, não sei mais como vamos conseguir manter as contas, por causa das minhas dores, perdi metade do meu tempo de trabalho e consequentemente, meu salário reduziu. Estou muito preocupado – afirma meu pai, sua feição estava péssima.  Pude perceber a preocupação em seus olhos verdes.

— Calma, Peter! Tudo vai se acertar, vamos arranjar um jeito. Pedi a minha chefe horas extras no hospital, vou trabalhar todas as noites, para conseguir mais dinheiro – minha mãe fala, tentando acalmá-lo.

— Eu acho muito errado, você está sustentando a maior parte dos nossos custos, somos um casal, eu deveria ajudar com o nosso sustento – ele apenas abaixa a cabeça deprimido.

— Não fale tolices. Somos uma família. Todos devem se ajudar – suas palavras de conforto se direcionaram até ele.

De repente senti um choque percorrer todo meu corpo, como se tivesse acabado de presenciar uma morte. Talvez meus nervos não sejam dos melhores. Ouvir tudo isso me deixou muito triste. Estou me sentindo uma idiota. Minha mãe vai trabalhar 12h por dia como enfermeira para ajudar nas contas. Um dever que também era meu.

Desci, cumprimentei meus pais, peguei uma torrada e subi para o meu quarto novamente. Eu estava mais desgovernada que um trem sem freios.

Passei a tarde inteira pensando no que fazer com a minha vida. Ouvi música e escrevi o resto do dia. Passei horas tentando encontrar uma saída, mas nada veio em minha mente. Eu estava muito desgostosa, precisava sair daquele lugar apertado.

Meus pais estavam no trabalho, já era mais ou menos oito horas da noite, então peguei a minha bicicleta e sai pedalando naquela noite vazia. Estava frio, então fui vestida no meu moletom preferido, com uma calça jeans retalhada e meus velhos all star preto.

Durante minha viagem sem rumo, encontrei um barzinho com algumas luzes coloridas, ele era meio afastado da cidade, parecia mais um refúgio para os jovens deprimidos, mas para minha sorte, ele estava quase vazio, então entrei no local, sentei-me em uma mesinha isolada no fundo do estabelecimento e apenas fiquei observando os detalhes do ambiente.

Sua estrutura é a base de madeira, o que deixava com um aspecto meio rústico, mas era um lugar bem agradável para esvaziar a mente.

Meus olhos pararam quando observei um garoto sentado a mesa ao lado, ele tinha umas quatro garrafas vazias ao seu redor. Impossível ter bebido aquilo tudo.

Mas ele estava aparentemente feliz, era notável sua covinha solitária aparecer entre um sorriso e outro. Acho que vou fazer o mesmo. Sei que não é a melhor opção e estou apenas fugindo dos meus problemas, mas me parece uma boa nesse momento.

— Pode me ver uma dose da sua bebida mais forte? – Fui em direção ao balcão. O garoto da mesa ao lado apenas me fitava, mas não era um olhar de reprovação, eram apenas olhos verdes curiosos.

— Aqui está, senhorita– me entregou uma bebida com um cheiro muito forte. Eu nunca bebi nada forte antes, afinal, tenho menos de vinte e um. Dei sorte do garçom não ter pedido minha identidade.

Espero que a bebida não bata rápido demais.

— Ei, espere! Gostaria de sentar aqui comigo? – ouço a voz distante e suave me chamar.

Agora Você Me Conhece ||H.S||Onde histórias criam vida. Descubra agora