XIV. Conexão

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HARRY TIAGO POTTER - P.O.V

Perdido.

Eu me encontrava perdido ao tentar decifrar que tipo de aperto era aquele que eu estava sentindo ao redor da cintura, tentando deduzir em que momento Draco tinha se embrenhado tanto em mim com aqueles cabelos loiros.

Era muito fácil se perder nas nuances daquele cara, porque ele era absolutamente perfeito até mesmo dormindo.

A respiração fraca, os lábios vermelhos enquanto dava leves bufadas de ar atingiam meu rosto com carinho. As mãos estavam em um agarre de ferro ao redor da minha cintura e os pés gelados se misturavam aos meus.

Se visse uma outra perspectiva, poderiam achar que realmente éramos um casal tranquilo e que estava dormindo agarrado após um dia exaustivo.

A verdade era que tinham se passado algumas horas e Draco ainda se mantinha distante de mim, sem querer se aproximar além do nível de amizade que mantemos no início de nossa convivência.

No começo eu achei que fosse por conta da travessura que eu tinha feito com Cedrico em um ataque de ciúmes nada saudável — cortesia da maldição da horcrux sobre meus sentimentos por ele —, mas após alguns segundos ficou claro a real intenção dele.

Ele estava se afastando.

E eu nem poderia culpá-lo, afinal, quem poderia querer aguentar um menino tão quebrado quanto eu quando se tinha a versão perfeita de mim como namorado? E de qualquer jeito, meu contrato aqui não era vitalício.

Eu iria embora alguma hora e frequentemente negava a mim mesmo a absurda vontade que eu sentia de realmente me tornar o Harry dele.

Isso soaria egoísta demais? Eu gostava de pensar que era razoável dada a situação que eu me encontrava na minha realidade.

Ao passo que não era justo com o Harry James que continuasse na minha realidade quando se tem o paraíso nessa. Um namorado que o ama, um relacionamento baseado em amor e confiança, padrinhos maravilhosos e amigos que o acompanhavam nas travessuras.

Enfim, eu me sentia perdido entre aqueles braços.

E foi realmente engraçado descobrir que aquele afeto não era nada. Não deveria significar mais do que um simples gesto dado pela inconsciência, assim como meus sentimentos aflorados eram frutos do constante estresse dessa horcrux.

Mas era difícil lidar com a falta de contato dele. Eu tinha me acostumado a ter alguém para dar o nó na minha gravata, montar meu café da manhã, andar de mãos dadas comigo e ridicularizar os atos grifinórios que eu tinha.

Então era totalmente justificável que eu sentisse as lágrimas descendo silenciosamente do meu rosto, naquele ritual que eu costumava ter quando era apenas eu e as aranhas.

Não sobrou nada de mim para amar depois.

Porque não adiantava negar que eu sempre seria aquele garotinho debaixo das escadas traumatizado e que foi fruto das consequências; que nunca tive tempo de realizar o que eu sentia.

E foi uma experiência engraçada descobrir o que era sentir. O que era parar, olhar para mim mesmo e me permitir sentir.

Eu me sentia indigno daquele abraço. Não era para ser eu ali.

Eu tinha colocado todos naquela enrascada, assim como nascendo eu pus meus pais em perigo. Eu tinha matado eles antes mesmo de nascer com aquela profecia.

E se não bastasse, eu afastava todos que se importam verdadeiramente comigo.

— Hazz? — murmurou um Draco sonolento.

Harry Potter Através do Espelho | DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora