Na árvore

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 100%.

Ela já imaginava, mas assim que o Monoma lhe deixou em casa depois do encontro, Ochako sacou o celular para conferir, e não houve surpresa ao deparar-se com a barrinha de intimidade do loiro no nível máximo.

Por que não estaria? O encontro foi... um sucesso completo, mesmo dormindo no ombro dele, acabou sendo algo que até deve ter contribuído para essa porcentagem ao invés de atrapalhado, e depois que eles saíram do cinema, foi tão... foi tão legal conversar com ele, esse Monoma é tão perspicaz e tão... ele parecia muito interessado em conversar com ela, saber a opinião dela sobre as coisas, Ochako se sente em posições muito passivas com os outros pretendentes, mas com ele foi um pouco diferente... é uma pena que não seja real, é uma pena que ele... que nada disso seja real, por mais que pareça muito e, em alguns momentos, ela até gostaria que fosse.

Mas... por quê? Ela nem tem interesse real em namorar ninguém tão cedo, ou... tão tarde, é provável que tenha ainda menos tempo e vontade de investir nisso quando for heroína profissional e tiver que se preocupar com sua carreira, vai ver a melhor hora pra viver um pouquinho disso seria agora, enquanto é adolescente, mas... toda a ideia de namorar é esquisita. Se ela aceitasse aquela confissão do primeiranista que recebeu antes de acabar nesse mundo estranho, eles namorariam e... e o quê? Ela mal sabe como ser a namorada de alguém, no que isso implica, o que teria que fazer, é como se houvesse um manual universal para relacionamentos, mas as regras e instruções não são perfeitamente claras, todo mundo tem uma noção básica do que pode ou não fazer, mas em geral, não há ninguém que não esteja perdido e que, mesmo assim, sinta-se mal quando não cumpre as regras que nem conhece.

É assim que ela se sente, mesmo se soubesse se quer namorar, ela não saberia se sabe como... e isso nem parece fazer sentido! Mas sua cabeça anda tão pesada, e é tudo tão exaustivo e doido que ela só queria poder se preocupar com esse tipo de coisa para não pensar no fato de que ainda está presa aqui, e que já que não tem certeza se acha viável tentar se reaproximar do Bakugou, isso a deixa sozinha pra fazer a rota do Todoroki e... Ochako não sabe como conquistá-lo.

Sim, ela já está com a cabeça na próxima rota pois essa já tá praticamente finalizada. 100% de intimidade com o Monoma, na próxima vez em que eles se virem, ele com certeza vai se declarar. E se nas outras vezes em que se pegou nessa situação ela se sentiu angustiada, agora Ochako está bem mais aliviada. Talvez até um pouco ansiosa.

Então, quando Ochako chega à escola na segunda-feira e é interceptada no caminho para a sala pelo loiro, que pede para falar com ela e a guia para perto da árvore como se estivesse para contar um segredo ultra confidencial, a garota já se prepara mentalmente para o que ouvirá.

Porque por mais lógico que seja para ela, ainda será um pouquinho difícil dizer "não" pra ele.

Pois é, quem imaginaria que Ochako chegaria a cogitar a ideia de namorar esse garoto? Ela não, com certeza.

— Me escute bem, porque eu só vou dizer uma vez. Então não ouse perguntar "o quê?" pois eu não irei repetir. Entendido? — ele começa, bochechas que rivalizam em vermelhidão com as dela própria.

— Oh, tudo bem... pode falar.

— Você... — ele retorce a boca e respira fundo — Eu... g-gos- humpf, eu- você. — o vento faz algumas pétalas de cerejeira voarem em sua direção, a cena pareceria bem romântica se não fosse tão cômica, mesmo que seja um pouco fofa — Você vai ficar aí parada me olhando e não vai me responder logo?

— É que eu não entendi o que você disse, e você falou que não ia repetir, então... não sei qual é a resposta. — ela se segura pra não dar um sorriso zombeteiro, ainda mais quando a expressão dele se retorce ainda mais em vergonha.

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