Capítulo VII: Guia

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  Bati na porta da instituição e fui recebido por Abner, o porteiro, que me repreendeu por estar chegando muito tarde, às 20:45, o tempo havia passado estranhamente rápido. Me dirigi direto à ala dos meninos indo para o meu quarto, Rafael, um menino que ficava a uns dois quartos do meu estava saindo do quarto que eu dividia com Carlos pouco antes de eu chegar, ele agia meio estranho, estava mancando e parecia envergonhado, achei ser apenas impressão minha. Entrei no quarto e encontrei Carlos deitado com cara de besta, quer dizer, mais do que o normal.

 -Carlos- chamei e ele se sentou na cama me encarando.

 -O que foi? - perguntou, sua voz parecia vaga e sei lá, ele estava estranho.

  -Eu vi o Rafael saindo do quarto, o que rolou aqui?

  -Ah... como você não estava aqui eu o chamei pra jogar -respondeu Carlos após pensar um pouco.

 -Humm, jogaram o que?

 -Joguei sua mãe na minha pica, é interrogatório agora?

 -Ah vai se foder- disse sentando em minha cama e jogando meu travesseiro na cara dele, ele sempre xingava quando não queria falar alguma coisa, mas ele sabe que não consegue esconder nada de mim.

 -Mas e você? O que descobriu?

 -Descobri o que? - respondi confuso.

 -Você não disse que ia olhar o negócio lá do lago?- me lembrei na hora da desculpa que havia dado- Passou o dia fora e agora não lembra?

 -Não é que...- qual desculpa eu poderia inventar? Humm, talvez isso funcionasse- Sabe a Lúcia, a mina nova?

-Tô ligado.

 -Então, a casa dela fica perto do lago, a tal criatura era o cachorro dela, um Doberman muito grande.

 -Essa história está parecendo uma desculpa esfarrapada- merda- Mas eu não ligo o suficiente pra me incomodar- amém- Mas então o que você fez o dia todo?

 -Eu... fiquei na casa da Lúcia, sabe, pra conhecer ela melhor.

 -Iii ala o cara, pegando a mina que acabou de chegar na escola, não perde tempo, hein?

 -Não é nada disso, a gente só conversou.

 -Ham, sei.

 -Eu tô falando sério porra, a gente só conversou, ela é uma pessoa muito interessante, mas a gente não ficou.

 -É, acho que você tivesse pegado ela não ia querer que eu pensasse o contrário.

 -Exatamente- na verdade não, não sou esse tipo de pessoa, mas o que importa é que ele aceitou.

 -Agora manda meu travesseiro aí.

  Ele fez o que eu pedi, peguei o travesseiro e me sentei na cama, procurei meu celular. Entrei no WhatsApp e adicionei o contato de Lúcia.

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                                                                Oi

...

Oi, quem é?

                                                           O beto

Aaa, oi Beto vou salvar seu contato espera aí

...

Prontinho, e aí como você tá?

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