Capítulo II: Água

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Hora do intervalo. Hora de apresentar nossa maravilhosa escola para Lúcia.

Paredes caindo, ratos nas cadeiras, brincadeira, nossa escola era até que muito boa pra uma instituição pública. Banheiros limpos, comida boa, pessoas legais (a maioria) e o ensino era de qualidade.

Após apresentar as partes comuns da escola, fomos para a melhor parte, a biblioteca. Ao chegar no local, Lúcia se impressionou.

-Nossa! Aqui tem muitos livros.

-A escola compra novos livros a cada dois meses-falei-E aceitam pedidos de alunos. É meio que por minha causa que tem essas HQs aqui.-Falei exibindo um exemplar de Lanternas Verdes: Renascimento

-Isso é ótimo!

-Você gosta de ler?

-Adoro.

-Legal, pega esse livro aqui:

Entreguei a ela o Livro Necrópolis, logo quando viu ela disse:

-Eu já li Necrópolis.-disse sorridente.

-Sério? E oque achou?

-Sinceramente. Eu adorei, ainda mais no começo, naquela parte que as Sereias tentam atrair Verne para a morte.

-É, é realmen--

*TRIIIIM TRIIIIM TRIIIIM*

O sinal anunciando o fim do intervalo havia tocado, para minha infelicidade.

-Nossa-proferiu Lúcia- mas já acabou o intervalo?

-Acho que a gente nem viu o tempo passar.-sorri pra ela.

Após o intervalo ainda houveram mais duas aulas, que surpreendentemente passaram bem rápido.
Ao final das aulas, estava chovendo (como era de costume na região). Imediatamente pensei em Lúcia. Em como ela voltaria pra casa, se precisaria de alguma ajuda, ofereci uma carona na van do orfanato.

-Não precisa,minha...er-ela refletiu por um momento-Mãe. Isso. Minha mãe vem me buscar.

-Certeza?

-Sim, mas obrigada por oferecer.

-Ah, de nada...tchau então. Nos vemos amanhã?

-Claro -disse-me lançando um dos mais belos sorrisos que eu havia visto na vida- até amanhã.
Por uma fração de segundos esqueci completamente como se respirava.

Acenei para ela e me virei em direção a van. Parei quando ouvi ela me chamar.

-Er...Obrigada, por... me apresentar a escola. Foi muito gentil da sua parte.

-Ah, não ha de quê.

Lancei-lhe um sorriso de canto e adentrei na van van, me sentando proximo a janela que a essa altura já estava com o vidro embasado pela condensação da água, passei a manga da minha blusa de frio pelo vidro para diminuir o borrão. Olhei através do vidro agora limpo, vi Lúcia correr em direção a um carro ( não sou muito bom com carros, mas aquele era com cereza um modelo de auto nivel ), por dentro do carro pude observar que havia uma mulher ( a mãe de Lúcia, presumi ) , ela era loira, pele extremamente clara, um corpo robusto e claro, assim como Lúcia exageradamente linda. Deu pra ver de onde ela puxou.

Enquanto Lúcia se aproximava do carro e a chuva fina atingia sua pele, por um momento, uma fração de segundo, pensei ter visto algo. Seus tornozelos semi-descobertos, brilhavam fraco sob o contato com a água.

Apenas balancei a cabeça levando os pensamentos mais improváveis para longe.

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