Capítulo XXIV: Piquenique

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Tempo.

Uma medida imaginária, usada por nós pra definir o avanço e evolução das coisas, dias, horas, minutos, séculos, não importa o quanto, mas o tempo sempre se move pra frente, ele não volta, nem poderia, o tempo é uma das poucas coisas a qual a humanidade não pode estragar. Einstein dizia, que o tempo é relativo, e que pode passar diferente em determinados pontos, o que posso dizer que é com certeza verdade, o tempo passa mais devagar ou mais rápido dependendo do que estamos fazendo, naquele momento por exemplo (assim como todos os dias depois daquilo) cada minuto parecia ter dez mais.

-Tem que segurar mais firme Beto - disse Setina.

-Eu tô segurando - respondi.

-Tem que usar as duas mãos - ela instruiu.

-Assim?

-Não... assim, nunca fez isso antes, né?

-Não, não desse jeito pelo menos.

-Tá, mas você vai pegar o jeito, agora segura bem firme e puxa.

-Já é pra puxar?

-Sim vai logo.

-Tá bom, tá bom - firmo meus pés no chão e seguro com força, puxando e puxando, até que acontece, um peixe voador, pesquei um peixe voador, em outras circunstâncias eu estaria tão animado, mas naquele momento apenas consegui simular um sorriso, por sorte a Aza não me conhecia tão bem a ponto de saber que eu estava fingindo.

-Parabéns Beto, de primeira.

-Fazer o que, eu sou bom mesmo - disse em tom de deboche.

-Não vai se achando não, tá? Não é tão difícil pegar um peixe voador - ela disse tirando a vara de pesca de minhas mãos.

-Quer tentar então?- a desafiei.

-Temos mais o que fazer agora, vem - A Aza estendeu a mão para mim, assim que a peguei ela começou a me guiar.

  Desde o dia que a encontrei na cidade de Pirpuna passamos quase todos os dias juntos, naquele dia estava fazendo umas duas semanas ou algo assim. Tivemos algumas aventuras juntos, visitamos Jotun, a cidade dos gigantes, onde conhecemos Fey, uma gigante cozinheira que fez um caldo de Dragão maravilhoso (apesar do nome o caldo não é feito de dragão e sim de um legume chamado batata-dragão, vai entender), também fomos ao Troton, lar dos centauros onde aprendi a usar arco e flecha, é bem fácil na verdade, é tipo costurar só que mais radical, fomos também ao grande Jardim fluorescente, mas era dia então não foi tão espetacular quando poderia, de qualquer jeito, nada daquilo me animou, ou me encantou, não como antes, não como... quando era com ela, Setina não era como a Aqua, mas ao menos me distraía de pensar nela.
Naquele momento estávamos em Azadrel, era um lugar muito bonito, parecia uma miniatura flutuante de Atamald, com um monte de fadas e uns quinze homens humanos, e oito mulheres, cada um com uma ou duas fadas ao seu redor, preferi não perguntar nada.

  Setina me levou a beira da ilha, onde pulamos juntos, voltando ao tamanho normal, no começo tive medo, mas acabei me acostumando, assim como com as outras loucuras da Exoterra. Ainda segurando minha mão, a Aza me conduziu até uma área mais afastada de Pirpuna, não muito longe de Azadrel, era a Floresta Amal, uma floresta cheia de árvores enormes onde viviam algumas criaturas diversas, já haviamos ido la uma vez, praticar arco e flecha, mas dessa vez era diferente. Fomos para o meio da floresta, numa área cercada por árvores, que formava um círculo perfeito de grama, um lugar perfeito para um...

-Piquenique? - perguntei, nunca parei pra pensar o quanto esse nome é ridículo.

-Isso aí, vocês humanos gostam dessas coisas, não é? - perguntou a Aza.

-Bem, nós arrumamos qualquer desculpa pra comer, então... Eu diria que sim.

-Então espera enquanto eu arrumo as coisas.

Ela tirou um punhado de um pó brilhante de uma bolsa, e o jogou pelo chão, uma cortina de fumaça amarela surgiu do lugar, quando se dispersou uma toalha quadriculada junto com uma cesta com doces e uma garrafa de uma bebida que parecia um pouco forte demais surgiu no local.

-Isso foi... rápido - disse.

-Não quero perder tempo. Vamos senta aí - disse ela

-Tudo bem- disse me sentando, e pegando um pão de queijo - Comida humana?

-Ah, eu gosto, sabe? Os temperos humanos são tão diferentes.

-São mesmo, os daqui são bem mais... Extravagantes por assim dizer - disse mordendo um pedaço do pão - Comer se torna algo mais interessante.

-Quer que eu mude o cardápio?

-Não, não precisa, eu gosto de comida humana também.

-Então tudo certo - ela disse dando um sorriso de lado e pegando um croissant de chocolate, ela era bonita, bem bonita, mas era uma beleza  comum, o que era estranho já que ela tinha pele e cabelo verdes - Então... Como vai sua vida na terra?

-Ah, a mesma coisa, Rafael vai mudar pra um apartamento no centro e logo Carlos vai visitar ele com frequência, minhas notas estão melhorando até e eu tenho feito umas peças novas.

-Que ótimo! Tá tudo indo bem então, né?

Não

-Sim, sim, tudo ótimo. É um momento bem confortável agora.

-E... Tem alguma garota na sua vida? Ou garoto?- ela perguntou sugestivamente.

Tinha, mas aquilo era passado.

-Não, ninguém no momento - respondi

-Ninguém mesmo? - ela aproximou o rosto do meu, eu sabia aonde ela queria chegar, mas não quis evitar, talvez ela me ajudasse a esquecer - Nem mesmo uma fada verde?

-Fada? Achei que ainda fosse uma Aza.

-Então você pensou em mim? - ela é boa - Que interessante.

-Não vou dizer que não - respondi.

  Ela olhou em meus olhos, me encarando, seu olhar trazia curiosidade, o meu... bem, o meu trazia um vazio que precisava ser preenchido. Seu rosto se aproximou do meu e ela selou nossos lábios, sua língua invadiu minha boca um pouco rápido demais, seu beijo era caloroso, mas num nível bem alto, seus braços se enrolaram ao redor do meu pescoço me prendendo a ela, sua língua explorava minha boca com uma avidez que a minha não conseguia acompanhar, estava me controlando pra não empurrar ela pra trás, eu queria tentar, eu precisava ser capaz de ao menos beijar outra pessoa que não fosse ela.

  Nos beijamos por longos cinco minutos aproximadamente, até Setina decidir que estava satisfeita e me largar finalmente, caí quase sem fôlego na toalha, tentando me recompor, meu maxilar doía, assim como minhas costas, aquilo não foi nem um pouco agradável, mas eu queria que tivesse sido a pior coisa daquele momento, pois quando me sentei novamente vi ela ali, de pé a poucos metros de nós, com os olhos marejados.

-Lúcia... não...

Ela não quis ouvir, apenas nos deixou ali e correu pra dentro da floresta.

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Após mais uma longa pausa estamos de volta pra mais um capítulo

Bem curtinho mas com bastante surpresa não acha?

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Até o próximo capítulo e fique com uma curiosidade legal

Da pra disfarçar o cheiro e o gosto de absolutamente qualquer liquido, por exemplo, você poderia fazer um milkshake de carne e fazer ter gosto e cheiro de chocolate

Só precisa dos produtos certos

E sim

Eu falei por isso mesmo

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⏰ Última atualização: Jul 19, 2021 ⏰

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