Capitulo XIII: Semana

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  Paz. Somente paz. A dias não sabia oque era isso mas naquele final de tarde de sexta eu redescobri. Sentado sobre a grama humida e confortável a alguns quilômetros de Atamald, sob a sombra de uma enorme alicieira sozinho, sentia meu corpo entrar em estado de total relaxamento, um descanso merecido após a semana cheia, dividindo meu tempo entre estudar, ajudar Lúcia com os enfeites em diferentes reinos e fazer minha fantasia para o Carnaval, não estava reclamando é claro, eu adorei cada segundo do "trabalho" na exoterra, mas não posso negar que meu cansaço era imenso. Depois da pintura em Atamald na segunda, Lúcia me chamara para ajudar em Torque e eu obviamente não poderia recusar.

Terça

  Acordei, me arrumei, fui pra escola, bem, segui minha rotina normal. Conversei com Lúcia, fui ao orfanato, saí logo depois que cheguei, entrei no portal com a Aqua, aquilo já estava se tornando minha nova rotina. Saímos do portal e tomamos o caminho oposto a Atamald, com o auxílio de um Aghante e muita força de vontade pra não cair no meio da viagem, chegamos ao lar dos Minotauros, do lado de fora, muros gigantescos de concreto escuro, do lado de dentro, um lindo bosque de árvores negras, lotado de grandes cabanas de madeira com um forte cheiro de pinho. Lipo nos recebeu calorosamente com um abraço que quase me partiu no meio, ele teria que aprender a maneirar na força, fui apresentado a mais quatro minotauros, todos exatamente iguais a Lipo com o diferencial apenas das roupas, e um deles possuia chifres menores, oque a ruiva me informou se tratar de uma característica das fêmeas. A arrumação dos enfeites em Torque seria diferente de Atamald, o Dia de Vida dos minotauros mais se parecia com o natal humano. Penduramos luzes coloridas por todo o bosque e espalhamos um estranho pó branco pelo chão, no meio do reino havia uma grande fogueira rodeada por pedras, oito minotauros incluindo Lipo se puseram ao redor da fogueira e começaram a cantar, o fogo crescia cada vez mais a medida que a música corria, ficando mais e mais alto, até dar lugar a uma imensa árvore de folhas de um vermelho intenso e brilhante, os minotauros ao redor começaram a aplaudir o feito fazendo um barulho estranho com a boca. Lúcia e eu nos juntamos a comemoração e acabamos ficando para o banquete, uma tradição do povo de Torque, uma refeição quente e farta após um dia cheio de trabalho. Mesmo eu não interpretando a diversão de ajudar a enfeitar aquele bosque como trabalho, aceitei ficar para a refeição e não me arrependi. Os minotauros serviam em uma mesa de pedra de quase quinze metros de extensão onde se sentavam aqueles que participaram do trabalho e eram servidos aves ernomes assadas com legumes, diferentes molhos e saladas, comecei pegando pequenas porções por timidez, mas Lúcia já estava batendo um prato tão grande quanto o de Lipo, tinha mais comida no prato dela doque carne no meu corpo. Depois de quase uma hora terminamos nossa refeição e nos sentamos em um grande círculo no chão, no meio do circulo, dois minotauros dançavam ao som de uma música alegre, eu e Lúcia estavamos sentados lado-a-lado, abraçados, ela se recostava em mim, seu cabelo cheirava a maçã não me pergunte como, mas era uma delícia. Após o dia cheio, voltamos para terra e nos beijamos no quarto dela até dar a hora de voltar pro orfanato. Quando voltei, encontrei Carlos e Rafael no nosso quarto jogando Uno, não prestei muita atenção, apenas me dirigi para a sala de costura e continuei a trabalhar em minha fantasia, pensando em que aventura teria no dia seguinte.

Quarta

  Acordar, me arrumar, ir pra escola, estudar, voltar pro orfanato, encontrar Lúcia. Mais uma vez a rotina se repetia, eu adorava minha nova vida mágica, repleta de criaturas estranhas e lugares novos. Naquele dia iríamos ajudar os centauros. Equinia, lar dos centauros ficava logo ao lado de Torque, então acabamos tomando o mesmo caminho do dia anterior, acabamos por encontrar Lipo e seu sobrinho Matay, o simpático minotauro parecia apressado, disse que precisava pegar uma ninhada de um bixo chamado Galvão, pediu a mim e a Lúcia para cuidarmos de seu pequeno e fofo sobrinho por um tempo, aceitamos prontamente, não seria problema nenhum cuidar de uma criaturinha tão fofa, foi oque pensei. Lipo nos entregou uma espécie de "mochila" pra colocar bebês, Lúcia vestiu e o minotauro colocou seu sobrinho dentro do acessório, Matay era muito tímido, e escondia seu rosto em Lúcia, nos despedimos de Lipo e entramos no reino dos centauros.

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