Capítulo XI:Tubarão

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  Lúcia abriu seus olhos, sentindo a luz fraca do sol da Exoterra traspassando a água e atingindo seus olhos fazendo-os arder. Ao contrário do que muitos pensam, sereias dormem sim, mal, mas dormem, sobem até um ponto alto de suas moradias e sobre a luz da lua adormecem. Lúcia se espreguiçou pensando em como começar seu dia, pensou em Beto, no que ele estaria fazendo naquele momento, pensou em como gostava da companhia dele, do seu jeito fofo, sua personalidade carismática, seu humor, pensou se o que estava sentindo era saudade, poderia ser? Ela não saberia responder, não naquele momento. A jovem princesa resolveu reencontrar suas amigas para afastar aqueles pensamentos de sua mente, nadou até a cozinha de seu castelo pegando uma pastilha de gengibre adocicado (servia basicamente como café) e se dirigiu para o centro do reino.

  Aquitaria era com certeza um lugar esplendoroso, toda aquela cor, toda aquela vida que sempre fazia Lúcia parar de nadar para admirar seu futuro reino, naquele dia em especial havia pouca movimentação, poucas Sereias e Aquas na água, o que mais se via era outras criaturas aquáticas como tubarões e cavalos-marinhos. Lúcia passou a mão em seu bracelete perolado, procurando por suas amigas mas não as encontrou, decidiu ir procurá-las pessoalmente, mas antes, foi ver um velho amigo. Nadando para uma parte mais profunda de Aquitaria, onde as construções peroladas sumiam dando lugar à estruturas metálicas brilhantes e extremamente grandes, Lúcia chegou em frente a uma dessas estruturas, numa espécie de janela de vidro redonda, que se parecia com a de um navio e bateu três vezes.

-Quem está aí? - uma voz assustadoramente grave e alta perguntou de dentro do local.

-É a LuXi- respondeu a Aqua- Vim te ver, estou com saudades.

  Um compartimento se abriu na estrutura, dele saiu um imenso tubarão branco que possuía listras alaranjadas em suas costas. O imenso animal nadou até Lúcia parando em sua frente, seus dentes afiados brilhavam pra ela.

-Ah, oi Lu, que saudade- disse o grande tubarão encostando seu nariz na testa de Lúcia, que o abraçou como pôde - O que lhe traz até esse velho tubarão?

-Ah Tysser, você não é velho - disse Lúcia fazendo um carinho no nariz de seu amigo- Você está em ótima forma.

-Você sabe como eu gosto de elogios - disse Tysser nadando em direção à cidade- Mas bem, a princesa ainda não respondeu minha pergunta.

-Eu tava...

-Lu...- interrompeu o tubarão.

-Tá. Eu estava indo me encontrar com minhas amigas antes da aula, mas não as encontrei no registro, então aproveitei para visitar meu ex-professor favorito! - disse Lúcia com empolgação nadando ao redor do grande animal.

-Bem, acho que chegou em uma boa hora princesa - disse Tysser chegando a um dos pilares que haviam no meio da cidade- Preciso de ajuda para preparar os enfeites do Dia de Vida.

-Nossa, o Dia de Vida, tinha esquecido completamente.

-Faltam algumas semanas ainda, mas é importante já ter tudo pronto e então, tem tempo para ajudar seu velho professor?

-Claro que sim - respondeu Lúcia visivelmente animada- Só me dizer o que falta.

-Pois bem. Precisamos de pelo menos 180 peixes-lâmpada diferentes, então gostaria que você falasse com antecedência com Imi-nur.

-Tudo bem... O que mais?

-Já temos os canhões brilhantes e as comidas já estão sendo preparadas pro dia do festival. -Tysser fez uma pausa um tanto dramática- Então além dos peixes, só precisamos de alguns tecidos hídricos para as vestimentas, espero que tenha resolvido suas pendências com Fobos.

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