Capítulo 11

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Jack cruzava o convés com um sorriso de orelha a orelha. Então a pequena sereia estava interessada nele, quem diria? Com essa carta na manga, qual seria o próximo passo a tomar?

Bem, ela ainda não terminara seu retrato. Isso era uma boa isca para atraí-la ao camarote. Ou talvez devesse pensar numa tática mais sutil?

Não, nada de sutileza! O que mais queria naquele instante era
arrastá-la para sua cama e libertar fogo que lhe devorava o corpo e os pensamentos. Se não a possuísse o mais depressa possível, acabaria perdendo o pouco de juízo que ainda lhe sobrava.

"Pois muito bem, Jack", pensou com seus botões, "quando se trata de sedução, você é mestre. O que faria?".

Um jantar a dois. Daria uns trocados a Klein e aos rapazes para que tocassem uma música suave no convés e deixaria as escotilhas da cabine abertas. Lori gostava de dançar, assim iria lhe ensinar uma dança cujos movimentos iriam fasciná-la. Sim, era isso. Aquela noite ela seria sua.

Ao ver Kristopher, que importunava Pierson enquanto o marinheiro consertava a vela arrebentada no incidente daquela manhã, Jack o chamou:

- Kit, tenho uma missão para você. O garoto correu para junto dele.

- Uma missão, capitão?

- Sim. Preciso que você leve um recado em meu nome.

Lori fechou a porta às costas de Kit, Então Jack queria que ela jantasse em sua companhia naquela noite?

Já fazia um bom tempinho desde o último convite do capitão. Ainda assim, Lori se lembrava direitinho do que acontecera na ocasião: a maldita aposta. Fazê-lo apaixonar-se por ela, pois sim! Onde estava com a cabeça?

Bem, para aquela noite ela já tinha um novo plano. Nada de apostas. O que queria era terminár o esboço em carvão e giz sem que Jack viesse a saber da existência de tal desenho. Para isso, bastaria submeter o todo-poderoso capitão a uma idéia bastante extravagante que ela tivera.

O jantar seria a oportunidade perfeita.

Determinada a concretizar seu intento, Lori voltou à cozinha. Num golpe de sorte, encontrou as amigas ainda reunidas ali, conversando despreocupadamente.

À porta, ela pediu desculpas por interrompê-las para depois pedir a Kesi que viesse encontrá-la no corredor de passagem. Enquanto esperava pela moça, repassou mentalmente a mentira que havia preparado.

- Algum problema, criança? - Kesi foi logo perguntando, pois era evidente que Lori tentava evitar que as outras mulheres a ouvissem.

- Nada muito grave. E que eu gostaria de experimentar aquele preparado para dormir do qual você me falou.

- Está com dificuldade para pegar no sono, é? Pobre criança... Espere aqui, não me demoro.

Kesi retornou instantes depois, trazendo sob o xale um pequenino frasco em que havia um líquido vermelho-escuro. Lori pegou o vidro da mão dela, examinou-o à luz de uma lamparina... e quase sorriu.

- Quanto devo tomar?

- Somente uma colherzinha ponto mais do que isso irá fazê-la passar mal, criança.

- O gosto é muito ruim?

- Pelo contrário, é bem docinho.Se misturar o preparado num pouquinho de vinho, você nem vai perceber o gosto que tem.

Aquilo só podia ser obra de Deus.

- Obrigada, Kesi. Faz tempo que ando precisando de uma boa noite de paz. Será que poderia lhe pedir mais um favor?

Coração PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora