Naquela noite, amaram-se como se mundo estivesse prestes a se acabar, um saboreando o gosto e o calor do corpo do outro, ambos deleitando-se com beijos ardorosos e carícias sem fim, experimentando prazeres com os quais nem ele nem ela haviam sonhado. Quando enfim adormeceram, tinham braços e pernas entrelaçados e uma expressão de satisfeita tranqüilidade no rosto.
Às primeiras horas da manhã, Jack acordou com batidas nervosas à porta do quarto. Ainda entorpecido de amor e sono, foi ver de que se tratava e encontrou Morgan à soleira, mãos nos bolsos e o semblante sombrio.
Seu amigo não se deu ao trabalho de cumprimentá-lo. Numa voz seca, destituída de emoção, disse-lhe apenas:
- Wallingford está chegando.
Jack teve a impressão de levar um soco no estômago. Wallingford. Fazia sentido. Se era para fazer o mal, o velho sempre aparecia.
- Ben já está sabendo? - perguntou.
- Pedi a Tarik que fosse avisá-lo.
- Quanto tempo até Wallingford chegar?
- Uma hora, talvez. Ele vem com três navios de guerra.
- E eu não tenho navio algum...
- Tem o meu.
- Não, Morgan. Agradeço, mas já envolvi você demais nesta história e sei o quanto tem se esforçado para deixar a pirataria. O melhor que tem a fazer é esconder-se até que tudo esteja resolvido.
- Jack virou-se para a cama, onde Lori ainda dormia, depois prosseguiu:
- Prometa-me uma coisa.
- Tudo o que você quiser.
- Se eu vier a morrer, cuide para que minha fortuna seja dividida em partes iguais entre Kit e Lori.
- Mas, Jack...
- Prometa.
- Está bem, está bem. Será feito como você quiser.
- Agora vá esconder seu navio. Se Wallingford o reconhecer, irá colocá-lo a pique.
- Eu havia pensado nessa possibilidade, por isso mandei que minha tripulação o levasse para o outro lado da ilha, longe das vistas do almirante. Seja como for, quero estar lá quando você o enfrentar.
- Não, eu...
- Você precisa de uma pessoa de confiança a seu lado, Jack. E eu não seria covarde a ponto de deixá-lo sozinho num momento como este.
A lealdade de Morgan nunca deixava de surpreendê-lo, mesmo assim ele não teve tempo para agradecer: depois de lhe apertar o ombro com força, seu amigo já desaparecia no fim do corredor.
Fechando a porta sem fazer o menor ruído, Jack encostou a testa na madeira e deixou escapar um longo suspiro. Não havia sentido em desejar o impossível. Aquele era o caminho que ele escolhera e agora era o momento de render-se ao seu destino. Foi até a cama e ali ficou observando a claridade da manhã a acariciar o corpo nu de Lori. Era como se sentisse o sal da pele dela em sua língua, as mãos pequenas e delicadas afagando-lhe as costas. O tempo que passaram juntos fora tão breve, mesmo assim havia sido a melhor parte de sua vida. Se tivesse de morrer, que morresse agora, quando ainda trazia frescas na memória as imagens dos momentos em que a tivera nos braços. A pequena sereia adormecida diante de seus olhos o transformara para sempre.
Cobrindo-a com a colcha, Jack foi vestir-se para esperar pelo inevitável.
Lori despertou com o sol em seu rosto e um aroma de presunto recém-frito a lhe penetrar as narinas. Aspirando o cheiro bom, abriu os olhos e deparou com Jack em pé junto à janela, o olhar perdido no mar.
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Coração Pirata
RomanceCarolina do Sul - EUA, 1780 UM MESTRE DA SEDUÇÃO.... Jack nunca havia se deparado com um navio que não pudesse abordar ou com uma mulher que não se rendesse aos seus encontos... até se defrontar com Lorelei Dupree, que era tão gracio...