Capítulo 03

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Ainda que morta de medo, Lori reparou que os olhos dele tinham um brilho alegre. aquilo a tranquilizou um pouquinho. Jack Rhys não parecia o cruel sanguinário Que contava a lenda, mas sim um rapaz levado que acabava de fazer mais uma traves- sura.

- O que vai fazer comigo?

- Creia me ou não, e estou certo de que você não acredita em mim, não lhe farei mal.

- Então devo acreditar que o pirata mais procurado da face da terra me raptou e não pretende fazer mal. Por quem me toma, sir? Uma tola?

E, longe de ser sentir uma tola, Lori resolveu que era hora de dizer adeus ao terrível Jack Rhys. Já se preparan- do para saltar da carruagem quando ele a agarrou pelo braço e a trouxe para junto de si.

- Sereia, eu sabia que você não iria acreditar em mim.

Assim que conseguiu se soltar, Lori ergueu a mão para lhe dar uma bofetada. Jack advertiu a com uma expressão carregada, depois disse num tom ainda mais sombrio:

- Nem pense em fazer isso.

Decidindo-se por não colocar a brutalidade do Pirata aprova, Lori se acomodou sobre o acento.

- Não espera que eu fique sentado aqui, quietinha, enquanto você me rapta, espera?

- É exatamente isso que eu espero, sim.

- Que falta de modos! Você não parecia um malfeitor na festa de ontem. Aliás, na noite passada seu comportamento foi exemplar. O que o fez mudar de ideia e resolver me violentar?

- Eu não tenho a menor intenção de violentar você, srta. Dupree.

- Então porque me raptou?

- E por que não? Eu estava lá, você estava lá, lorde Cara de Pateta estava lá... A oportunidade me pareceu prefeita.

- Oportunidade de quê?

Em vez de responder, Jack cuidou de desviar os cavalos à esquerda numa bifurcação ao se certificar de que tomara o caminho que levava ao cais, olhou para trás, depois para Lori, e só então voltou a falar:

- Vamos fingir que se trata de um jogo, está bem?

Ele estava brincando? Ou era maluco?

- Um jogo? - Lori não disfarçou a indignação. - E que tipo de jogo é esse?

- Digamos que seja um jogo de atrair a presa para a arapuca.

- E o que quer dizer com isso?

- Quer dizer que você, minha sereia zinha, será a isca que pretendo usar para atrair um tubarão para fora da toca.

- Não entendi.

- Sei que não. Nem quero que enten- da. Por ora, basta dizer que você será minha convidada por algum tempo.

- Agradeço o convite, mas acho que terei de recusar.

- Ah, então serei obrigado a insistir.

Ao ver-se no porto, Lori atinou com a gravidade da situação. Não poderia deixar que ele a levasse para o seu navio. Estava farta de ouvir histórias a respeito de que homens como terrível Jack Rhys fazia as mulheres que capturavam.

Jack havia diminuído a marcha dos cavalos ao se aproximar do cais, e a carruagem agora se movia na veloci- dade que, a Lori, pareceu segura. Ela não hesitou: levantou-se de supetão e se atirou do veículo.

Nem o baque surdo de seu corpo de encontro ao chão, nem a dor da queda a alarmaram. Enchendo os pulmões de ar, Lori ergueu-se do chão de qual- quer jeito e desatenta ou a correr. Mesmo que tremesse dos pés à cabe- ça, rezava para que conseguisse chegar os becos ou algum armazém antes que o pirata alcançasse.

Coração PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora