Jack franziu as sobrancelhas.
- Salvar a mim? De quê?
Lori molhou o pincel na mistura de cores com que tentaria reproduzir o dourado que o sol deixara nos cabelos dele, só depois respondeu:
- De si mesmo.
- Essa é boa.
Como se subitamente constrangido, ele procurou ajeitar-se melhor junto aos travesseiros. Uma mecha castanha caiu-lhe sobre a testa, e a camisa muito branca abriu-se ainda mais, revelando um tórax moreno e forte. Lori não se lembrava de ter visto homem mais belo, mais perfeito, mais... sedutor.
- Seja como for, por que você haveria de querer me salvar?
- Por quê?- E agora, o que deveria responder? - Porque... Porque me parece que você não é tão mau quanto dizem.
- Não esteja tão certa disso. Posso lhe dar o nome de uma centena de pessoas que tentariam convencê-la do contrário.
Lori sorriu, então prendeu o pincel entre os lábios enquanto limpava um pequenino borrão na tela. Só ela poderia citar três homens que concordariam com o capitão. Mas apesar do que pensavam seu pai, Justin e o almirante Wallingford, ela deixara de ver Jack Rhys como um perigo à humanidade.
Tirando o pincel da boca, prepara- va-se para retomar seu trabalho quando percebeu que ele havia mudado de posição. Jack estava agora completamente deitado sobre as costas... e se espreguiçava como um lânguido gatinho. Antes que Lori pudesse,se reprimir, seus olhos já tinha pousado sobre o volume à parte dianteira da calça de camurça que ele vestia. Como seria Jack Rhys... nu?
"Lorelei Dupree, você perdeu o juízo?!", repreendeu-se, sentindo o rosto em brasa. "Uma mulher de respeito não pode pensar nessas coisas, nunca!"
Alheio ao que se passava, ele respirou fundo, sentou-se na cama e começou a amarrar os cordões da camisa.
- Desculpe-me, sereia, mas eu não conseguia mais ficar na quela posição.
E estou com a sensação de que ficar tanto tempo parado mexeu com a minha paciência. Além do mais, é hora de fazer minha ronda e verificar se a tripulação precisa de alguma coisa.Ela não conseguiu emitir uma só palavra. Não era capaz nem mesmo de olhá-lo nos olhos. Aliás, como voltaria a encará-lo depois de imaginar... aquilo?
Jack aproximou-se do cavalete e ficou admirando os esboços sobre a tela enquanto prendia novamente os cabelos com a tira de couro.
- Você é mesmo muito talentosa, srta. Dupree.
Lori baixou a cabeça ao cumprimento. E manteve os olhos fixos na paleta em sua mão, embara- çada tanto com o elogio como com as idéias malucas que às vezes a assaltavam. Mas Jack não estava completamente errado. O retrato estava realmente ficando bom. O problema eram os olhos dele, de um azul quase impossível de se reproduzir e com um brilho de força e inteligência que nem o maior dos pintores seria capaz de transportar para a tela.
Lori ainda pensava no que dizer quando ele, curvando-se, murmurou ao seu ouvido:
- Sou mais interessante de se pintar do
que uma fruta?O hálito quente e adocicado de encontro ao seu pescoço a fez estremecer. Céus, ele iria deixá-la maluca.
- Bem... Posso dizer que você se manteve quase tão imóvel quanto uma maçã, capitão Rhys.
- E eu posso lhe pedir que, como faria com uma maça, você me dê uma dentada?
- C-como? - O susto fez Lori esquecer-se do constrangimento e erguer a cabeça para encará-lo.
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Coração Pirata
Roman d'amourCarolina do Sul - EUA, 1780 UM MESTRE DA SEDUÇÃO.... Jack nunca havia se deparado com um navio que não pudesse abordar ou com uma mulher que não se rendesse aos seus encontos... até se defrontar com Lorelei Dupree, que era tão gracio...