Em seus aposentos. Lori calculou o tempo que Tarik levaria Para despir o capitão e depois retornar à cabine que ocupava. Os minutos pareciam horas enquanto esperava, o bloco de esboços e um bastão de carvão entre as mãos.
Ao ouvir passos no corredor, ela contou até dez, depois correu a abrir a porta. Espiou para um lado, para outro... Ninguém. Com o coração na garganta, Lori passou pela porta entreaberta e, pé ante pé, cruzou a curta distância que separava o camarote de Jack do seu.
Encontrou-o deitado de lado, o rosto voltado para a porta, coberto pela colcha vermelha. Uma mecha de cabelos caía-lhe sobre a testa, e ele ressonava serenamente.
- Ainda está dormindo? — Lori sacudiu-o de leve. - Jack? Jack?
Ele não respondeu.
Ela sorriu. Até que enfim podia estar perto de Jack sem ter de brigar com ele. Podia fazer tudo, tudo o que quisesse sem se preocupar com uma reação tempestuosa. Ah, aquela sensação de poder sem limites era inebriante! Em que outras circuns- tâncias seria capaz de se sentir mais poderosa do que o Terrível Jack Rhys?
Puxando a colcha para baixo, Lori lhe expôs o torso. Teve vontade de passar os dedos pelas costelas esguias, de explorar os músculos dele sob a palma da mão, mas não ousou tocá-lo. Iria somente ajeitar a coberta na posição em que estava naquela ben- dita manhã.
Com essa idéia em mente, ela ergueu a parte de baixo da colcha a fim de deixar à mostra os pés e as longas pernas dele. Depois, retomando o esboço, comparou a pose que tinha à sua frente ao desenho no papel.
- Não era bem assim...
Após deixar o bloco à beirada da cama, arrumou a coberta sobre o quadril estreito. E quando sua mão roçou sem querer o abdome rijo, teve a impressão de que alguma coisa se avolumava debaixo do tecido carmim.
Lori se afastou com um gritinho. Seria o... Claro que sim. O que mais haveria de ser?
Como seria o sexo de Jack?
Não, não, isso ela não podia fazer. De jeito nenhum. Mas Jack nunca ficaria sabendo... Ela, no entanto, saberia. Isso bastaria para que nunca mais conseguisse olhá-lo nos olhos.
Decidida a questão, Lori colocou a cadeira estofada diante da cama, apanhou o bloco, sentou-se e começou a desenhar.
Jack a observava através das pálpebras semicerradas. Não saberia explicar como conseguia manter-se imóvel, muito menos entender como não reagira quando ela roçara a mão inocentemente em seu ventre. Até agora suas entranhas se retorciam de tanto desejo. Um desejo que quase o enlouquecera quando ele imaginara que Lori fosse descobri-lo por inteiro.
Que pena que ela não fizera isso! A pequena sereia queria apenas desenhá-lo. Quem acreditaria numa coisa dessas? Mulheres! Inútil tentar entendê-las.
Relaxando um pouco, Jack pôs-se a admirar a maneira como ela franzia de leve a testa enquanto trabalhava. Adorava observar Lori desenhando. O modo como o braço dela se movia, a forma como ela mordia o lábio quando analisava seus traçados... Como Justin fora capaz de não incentivá-la a se dedicar à pintura e ao desenho, se ela amava e tinha um enorme talento para a arte? Se Lori fosse sua mulher, ele iria... Não, não tinha por que pensar nessa hipótese. Lorelei Dupree não era sua. Nunca seria. A ele só resta a idéia de saborear o delicado corpo dela para depois guardá-lo na memória. Uma recordação agridoce, que ele haveria de trazer na mente e no coração até o dia em que algum inimigo lhe tirasse a vida.
Por fim, ela largou o bastão de carvão sobre o colo e, erguendo o esboço, comparou-o à cena real.
- Perfeito - disse baixinho. - Consegui.
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Coração Pirata
RomanceCarolina do Sul - EUA, 1780 UM MESTRE DA SEDUÇÃO.... Jack nunca havia se deparado com um navio que não pudesse abordar ou com uma mulher que não se rendesse aos seus encontos... até se defrontar com Lorelei Dupree, que era tão gracio...