Uma generosidade que Jack fazia o possível e o impossível para negar, um coração que ele dizia a todas as pessoas não possuir. Só que Morgan, que o conheci havia muito tempo, sempre o vira agir de modo extremamente contrário as suas alegações.
Tão logo adentraram o salão, Morgan aceitou uma taça de xerez da bandeja de um criado que passava à sua frente. Bebericando líquido cor de âmbar, esperou que Jack se servisse e que ambos estivesse fora de alcance de ouvidos estranhos para perguntar:
- Que nome pretende usar esta noite?
- Conde Arnaulf Hapsburg. O que acha?
Morgan curvou os lábios num arremedo de sorriso. Aquele era um dos disfarces preferidos de seu amigo.
- O conde búlgaro, outra vez?
- E por que E por que não? - Jack emprestava um sotaque autêntico às palavras, já que búlgaro era um dos oito e idiomas que ele falava fluentemente - Há algum outro a não ser moi?
- Pois então, muito bem, senhor conde, vou deixá-lo alguns instantes sozinho para que possa encontrar a dama que levará para cama esta noite.
Mal terminará de falar, Morgan notou que Jack fitava com os olhos estreitos algum ponto do salão. Acompanhando o olhar do amigo, deparou com uma graciosa jovem que abanava seu delicado leque junto a um grupo de senhoras. Os cabelos castanhos sobressaíam em meio as perucas brancas ou em tons pastel que as demais pessoas usavam. Um sinal de opinião e independência, talvez.
- Pensei que mulheres como ela não fizesse seu tipo - comentou Morgan.
Jack tomou um longo gole de sua taça.
- E desde quando você sabe qual é o meu tipo de mulher?
Morgan, porém, conheciam muito bem o amigo. Sabia que Jack nunca se deitará com uma virgem e que não faria justamente naquela noite. Poderia dançar com a jovem, talvez até mesmo flertar com ela; ao final da festa, entretanto, sairia dali na companhia de uma viúva sedenta de atenções.
Assim que avistou o espião patriota que viera encontrar naquela comemoração, Morgan despediu-se:
- Desejo-lhe êxito na caçada. Nós nos veremos quando você retornar ao meu navio pela manhã.
Sem desviar os olhos da moça, Jack inclinou a cabeça num aceno sutil, enquanto deixava a taça vazia sobre uma mesa de canto. A jovem usava um vestido de seda amarelo-pálido, como um aplique de renda a lhe proteger o colo. Acima do decote rendado arfavam os seios de contornos firmes e arredondados, seios que ele já sentia intumescerem ao toque de suas mãos. Depois ele se deteve a contemplar o pescoço gracioso...
O enlevo de Jack foi interrompido quando a jovem se moveu abruptamente, afastando-se do grupo de senhoras para ir juntar-se a dois casais no outro lado do salão. Os movimentos ligeiros lembraram Jack de uma pombinha buscando Refúgio da ameaça de um predador.
Ele sorriu.
Apesar de não possuir uma beleza estonteante, que fizesse os homens virar a cabeça à sua passagem, a moça era muito atraente. Talvez fosse as sardas na pele clara, ou o brilho sedoso dos cabelos castanhos com algumas mechas quase douradas, ou talvez a aura de alegria e leveza que parecia emanar do mais íntimo daquele corpo pequeno e bem-feito.
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Coração Pirata
Storie d'amoreCarolina do Sul - EUA, 1780 UM MESTRE DA SEDUÇÃO.... Jack nunca havia se deparado com um navio que não pudesse abordar ou com uma mulher que não se rendesse aos seus encontos... até se defrontar com Lorelei Dupree, que era tão gracio...