Esquecendo-se momentaneamente dos ingleses em seu encalço, Jack correu para a escada de acesso aos tombadilhos inferiores com Tarik em seus calcanhares. Tomados pelo pânico, ambos nem se falaram enquanto seguiam em disparada para a cabine onde estava estavam as duas jovens.
Com o coração aos saltos, Jack abriu a porta do camarote já esperando pelo pior. Uma voz cujo tom oscilava entre a ira e a incredulidade guiou o seu olhar para onde Lori, ilesa, agitava as mãos para Kesi, igualmente incólume.
- Não posso crer que foi uma bola de canhão - Lori repetiu.
Bem mais aliviado do que gostaria de admitir, Jack deteve-se a soleira da porta enquanto Tarik corri ao encon- tro da esposa.
- Ah, querida! - Exclamação ou o contramestre. - Que susto você me deu!
- Para que tanta preocupação? - Res- pondeu Kesi, largando-se no braço do marido. - Não nos aconteceu nada.
Com os olhos prestes a saltar das órbitas, Lori foi até Jack e, descre- vendo um grande círculo no a, explicou:
- Era deste tamanho e arrebentou tudo ali. - Ela apontou a parede oposta a polpa, onde a bala de canhão havia estilhaçado uma boa porçaõ das robustas tábuas de carvalho.
Aquela fenda, é mais as escotilhas destroçadas, era agora uma cicatriz bastante grande feia no casco do navio. O estrago entretanto, podia ser reparado sem maiores dificuldades.
- Bem, não é a primeira vez que isso me acontece - Jack admitiu.
- E você diz uma coisa dessas com toda a calma do mundo?- Lori se indignou. - Pois muito bem, você que fique aqui para ser bombardeado. Eu vou para casa agora mesmo.
- Acho que não será tão fácil assim, ponto primeiro você vai ter de passar pelos ingleses.
Ela o encarou com uma expressão tanto irada quanto desanimada.
- Odeio você, terrível Jack Rhys. Odeio, odeio, odeio.
Ele sorriu.
- Se sou capaz de lhe provocar um sentimento tão intenso então não tenho do que me queixar. É da indiferença, e não do ódio, que tem medo.
- Parece que estamos fora do alcance dos britânicos - observou Kesi.
Só então, Jack deu-se conta de que o barulho dos tiros de canhão tinham ficado muito, muito longe. Olhando para Case, ele confirmou:
- Tem razão. O pior já passou.
- Vou verificar - disse tarik, para depois se dirigir a esposa antes de deixar o camarote: - Vá para nossa cabine enquanto as coisas estão calmas.
- Vou, sim. - À porta, antes de sair, Kesi olhou para Jack. - Onde vai colocar esta criança agora que o camarote dela está praticamente destruído?
Jack analisou as possibilidades. Sabia muito bem onde gostaria de acomodar a Lori: na cama dele. Aí, Sim, a viagem iria ser bastante prazerosa... O pensamento o fez arder de desejo. Seduzi-la seria bem mais fácil Se ela estivesse ao alcance de suas investidas. Mas como iria convencê-la a ficar no camarote de um pirata?
Uma ideia diabólica lhe cruzou as digressões.
Havia um lugar onde instalar Lori com a garantia de que ela acabaria por correr para a cabine dele em busca de proteção. Um lugar insuportável a uma jovem de espírito delicado e sensível, muito pior e mais horrendo do que os aposentos privativos de um pirata.
- O camarote ao lado do salão.
Kesi ficou pasma.- Imagine só? Como ela vai conseguir dormir num lugar cheio de... daquelas coisas? A pobrezinha vai olhar para o interior daquela cabine e sair cor- rendo dali.
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Coração Pirata
RomanceCarolina do Sul - EUA, 1780 UM MESTRE DA SEDUÇÃO.... Jack nunca havia se deparado com um navio que não pudesse abordar ou com uma mulher que não se rendesse aos seus encontos... até se defrontar com Lorelei Dupree, que era tão gracio...