Capítulo 04

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    Esquecendo-se momentaneamente dos ingleses em seu encalço, Jack correu para a escada de acesso aos tombadilhos inferiores com Tarik em seus calcanhares. Tomados pelo pânico, ambos nem se falaram enquanto seguiam em disparada para a cabine onde estava estavam as duas jovens.

    Com o coração aos saltos, Jack abriu a porta do camarote já esperando pelo pior. Uma voz cujo tom oscilava entre a ira e a incredulidade guiou o seu olhar para onde Lori, ilesa, agitava as mãos para Kesi, igualmente incólume.

- Não posso crer que foi uma bola de canhão - Lori repetiu.

    Bem mais aliviado do que gostaria de admitir, Jack deteve-se a soleira da porta enquanto Tarik corri ao encon- tro da esposa.

- Ah, querida! - Exclamação ou o contramestre. - Que susto você me deu!

- Para que tanta preocupação? - Res- pondeu Kesi, largando-se no braço do marido. - Não nos aconteceu nada.

    Com os olhos prestes a saltar das órbitas, Lori foi até Jack e, descre- vendo um grande círculo no a, explicou:

- Era deste tamanho e arrebentou tudo ali. - Ela apontou a parede oposta a polpa, onde a bala de canhão havia estilhaçado uma boa porçaõ das robustas tábuas de carvalho.

    Aquela fenda, é mais as escotilhas destroçadas, era agora uma cicatriz bastante grande feia no casco do navio. O estrago entretanto, podia ser reparado sem maiores dificuldades.

- Bem, não é a primeira vez que isso me acontece - Jack admitiu.

- E você diz uma coisa dessas com toda a calma do mundo?- Lori se indignou. - Pois muito bem, você que fique aqui para ser bombardeado. Eu vou para casa agora mesmo.

- Acho que não será tão fácil assim, ponto primeiro você vai ter de passar pelos ingleses.

    Ela o encarou com uma expressão tanto irada quanto desanimada.

- Odeio você, terrível Jack Rhys. Odeio, odeio, odeio.

    Ele sorriu.

- Se sou capaz de lhe provocar um sentimento tão intenso então não tenho do que me queixar. É da indiferença, e não do ódio, que tem medo.

- Parece que estamos fora do alcance dos britânicos - observou Kesi.

    Só então, Jack deu-se conta de que o barulho dos tiros de canhão tinham ficado muito, muito longe. Olhando para Case, ele confirmou:

- Tem razão. O pior já passou.

- Vou verificar - disse tarik, para depois se dirigir a esposa antes de deixar o camarote: - Vá para nossa cabine enquanto as coisas estão calmas.

- Vou, sim. - À porta, antes de sair, Kesi olhou para Jack. - Onde vai colocar esta criança agora que o camarote dela está praticamente destruído?

    Jack analisou as possibilidades. Sabia muito bem onde gostaria de acomodar a Lori: na cama dele. Aí, Sim, a viagem iria ser bastante prazerosa... O pensamento o fez arder de desejo. Seduzi-la seria bem mais fácil Se ela estivesse ao alcance de suas investidas. Mas como iria convencê-la a ficar no camarote de um pirata?

    Uma ideia diabólica lhe cruzou as digressões.

    Havia um lugar onde instalar Lori com a garantia de que ela acabaria por correr para a cabine dele em busca de proteção. Um lugar insuportável a uma jovem de espírito delicado e sensível, muito pior e mais horrendo do que os aposentos privativos de um pirata.

- O camarote ao lado do salão.
    Kesi ficou pasma.

-  Imagine só? Como ela vai conseguir dormir num lugar cheio de... daquelas coisas? A pobrezinha vai olhar para o interior daquela cabine e sair cor- rendo dali.

Coração PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora