04 - hunger for help

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Quinta-feira 05:45

Eu já estava pronta para ir trabalhar, meus cabelos meio bagunçados até que me agradavam, mas o meu rosto era pálido e triste. Chorar realmente não ajudava na beleza, eu não dormi e não comi nada além daquela única mordida naquele sanduíche no carro da Scorpia. Estava exausta disso, cansada de ser fraca, cansada de ser tão patética a esse ponto. Quando avistei meus vizinhos virando a esquina pela janela da minha sala me levantei dali para por o meu casaco e pegar as minhas chaves. Acariciei Melog e sai trancando a porta atrás de mim.

"- Bom dia Catra! Você está bem?"

Eles me olhavam com um olhar preocupado como se do outro lado da rua pudesse enxergar a minha aparência. Eu não tinha o que responder além daquela mesma resposta automática de sempre.

- Eu estou bem, só não dormi direito.

"- Se precisar de algo pode contar conosco"

- Obrigada, tenham um bom dia!

Eu andei em direção a estação, me perguntando o motivo deles se preocuparem e me tratarem tão bem. Não consegui encontrar, já que nunca havia feito nada que pudesse conquistar esse tipo de carinhos deles. Mas de qualquer forma, eu nao queria pensar muito nisso, nem mesmo me apegar ao assunto já que a minha mente já estava tão bagunçada. Eu realmente não estava na minha melhor forma, com os cabelos bagunçados, bolsas embaixo dos olhos e com o rosto meio inchado. Nunca havia sentido tanto desconforto em desenhar no metrô quanto estava sentindo naquele momento, mal pude fazer um esboço por não estar enxergando direito novamente, me fazendo adicionar mais um item a lista na última página daquele caderno que eu quase sempre carregava.

"Ir ao oftalmologista"

Naquele horário não haviam tantas pessoas no metrô, estava quase vazio tendo apenas algumas pessoas espalhadas pelos acentos. Não demorou até que eu chegasse a minha parada e andasse com certa pressa até o museu. Eu deveria ter chegado um pouco mais cedo para terminar a organização da biblioteca naquele mesmo dia, mas eu sabia que não seria possível por conta de toda a minha "animação" que eu sentia no momento.

Meu corpo foi ao chão, a segunda vez na semana que as minhas costas não vão me deixar em paz, dessa vez não ouve nenhum salvamento que me faria corar nem nada do tipo, mas até que me tranquilizou eu não esbarrei na pessoa errada novamente.

"- Gatinha! Aí meu deus eu sinto muito, não te vi."

Scorpia me estava a minha frente, estendendo uma de suas mãos para me ajudar a levantar. Ela me puxou como se eu fosse apenas um pedaço de papel para ela carimbar, o que me deixou meio desconfortável por um breve momento. Scorpia era uma mulher grande, musculosa com um cabelo maravilhoso que eu adorava bagunçar quando ela me provocava. Seu batom e sua maquiagem escura era quase um padrão que nunca se tornava enjoativo por sempre ter um detalhe ou outro que a diferenciava todos os dias, dando a ela uma beleza única e mesmo apesar de sua aparência robusta ela passava um ar de gentileza e carinho, sempre dando abraços calorosos que faziam eu me sentir melhor em raras às vezes.

"- Nossa você tá péssima"

- Obrigada pela sinceridade...

"- Vamos, vou te levar pra tomar café. O chefe não veio hoje então estamos mais tranquilas em relação a horários"

Ela parecia tão séria ao me ver, como se houvesse perdido aquele ar de gentileza e restado apenas a preocupação e a decepção em seu olhar. Eu odiava vê-la assim, mesmo não admitindo ela era a minha melhor amiga e possivelmente a única que eu tinha. Não queria deixar ela magoada e me sentia pior ainda pelas coisas que eu havia dito ontem a noite.

Until you rescue me - Catradora (reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora