10. Love Someone

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Love Someone – Jason Mraz.

Boa leitura ❤️

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Mas uma coisa que Draco aprendeu, da maneira mais dolorosa possível, foi que: era muito mais fácil falar do que fazer.

Aquele dia tinha começado como o anterior. Lucius novamente estava esperando-o para o café da manhã, que foi tomado em um silêncio ainda mais mórbido que o da véspera. E assim que terminaram, eles seguiram direto para o Hospital, onde ocorreu uma reunião longa e maçante com a maioria dos investidores e sócios.

Como Lucius havia deixado claro no dia anterior, ele estava contando com a sua ativa participação. Isso significava que, além de permanecer sentado lá durante as duas horas e meia que duraram a reunião, ele teria de fazer uma apresentação no final mostrando possíveis soluções para o problema de excesso de gastos que estavam enfrentando naquele momento, com o aumento do custo de materiais hospitalares.

Draco passou a noite praticamente em claro analisando dados, faturas e relatórios, tentando entender melhor o problema para pensar em uma solução efetiva. Somente próximo da hora de acordar ele havia encontrado uma saída que julgara satisfatória.

Mas Lucius não parecia pensar da mesma maneira.

“Isto é tudo o que você conseguiu pensar? Uma mera criança de cinco anos teria uma solução melhor que a sua, Draco. Eu lhe ensinei para ser mais esperto do que isso. Você não cansa de ser um estorvo? Não cansa de me decepcionar? Se empenhe mais, eu não preciso de um inútil como filho.”

Lucius havia dito tudo aquilo na frente de todos os que estavam presentes na sala de reuniões, e Draco precisou de todo o seu autocontrole para não demostrar abalo algum quando eles começaram a murmurar, encarando-o ora com pena, ora com maldade e desdém.

E não muito tempo depois, quando a reunião terminou, ele soube que precisava de seu refúgio. Juntou suas coisas e não se dirigiu a mais ninguém antes de ligar para Martin, pedindo para que o buscasse o quanto antes. Novamente pôde sentir os olhares preocupados do motorista pelo espelho retrovisor, mas desta vez não retribuiu ou acenou para ele. Apenas olhou a paisagem passando rápido pela janela, controlando a mágoa, o ressentimento e as lágrimas.

Porque o que o havia magoado não tinham sido as palavras; Lucius já dissera coisas muito piores para ele. O que o havia magoado de verdade fora ele dizer tudo aquilo na frente de todas aquelas pessoas. A humilhação pura e gratuita que fizera Draco passar, diminuindo-o e desprezando-o publicamente. Por mais que soubesse que o pai era um homem cruel, jamais pensou que faria algo tão baixo. Mas é claro que Lucius sempre poderia surpreendê-lo.

Quando Martin estacionou nos jardins da mansão, ele agradeceu com uma voz baixa e rouca, saindo do carro e caminhando apressado para dentro. Tomou um banho rápido e trocou de roupa, se livrando do terno e colocando as roupas confortáveis que usualmente vestia para ir até a biblioteca. Voltou a sair de casa, pegando seu próprio carro e dirigindo até o único lugar onde se sentia verdadeiramente seguro.

Então estava no canto mais escondido e escuro de seu refúgio, encolhido em si mesmo em seu puffe cor de grafite em uma pequena bolinha melancólica. Tinha os joelhos comprimidos contra o peito, os braços abraçando firmemente as pernas. Mantinha os olhos fechados e estava tão silencioso quanto lhe era possível no momento.

Sentia o peito apertado dolorosamente, ainda queimando em humilhação e vergonha. E estava triste. Magoado, e sentia raiva por isso. Afinal, ele já deveria estar acostumado com esse tipo de coisa, não é? Não era a primeira vez que o pai o tratava daquela forma. Já eram anos de desprezo e palavras vis, então por que sempre era tão doloroso? Por que seu coração sempre se machucava daquela forma patética e miserável?

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