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Kyle

Demorei séculos até encontrar finalmente o William atrás dos balneários a fumar.

– William. Precisamos de falar.

Ele abriu um sorriso.

– Não me digas! Fodeste finalmente a estranha.

Bufei irritado, e ele ergueu os braços.

– Tudo bem, bebezinho. – Pegou no maço de cigarros e estendeu-mo. Eu neguei a oferta e ele riu. – Vá lá, meu. É só um cigarro, não te vai matar.

– Já disse que não quero. E quero falar consigo e é sério.

– Pronto. Diz lá.

– Quero acabar com a porcaria da aposta.

Ele gargalhou alto, levantando-se e apagando o cigarro com o pé.

– Pago-te a merda das bebidas e se quiseres podes gozar comigo à vontade. Não quero mais isto. – Continuei.

– Eu sabia que estavas perdido de amores por ela. Ridículo. – Ele gozou, e eu fiquei vermelho de raiva. Controlei-me para não o socar ali mesmo.

– Estou. É pena não saberes o que isso é. Só te peço que mantenhas silêncio sobre este assunto. – Ele passou o dedo sobre os lábios, indicando que se ia manter calado. Rolei os olhos e virei-lhe as costas.

Ainda tinha uns minutos antes da primeira aula, por isso decidi procurar a Zoe. Não tinha coragem de lhe contar o que fiz porque sabia que ela me ia deixar. Mas estava mais calmo depois de saber que o William não ia contar a ninguém. Se ele não contasse, o Harry e o Jacob também não se atreviriam a fazê-lo.

Senti uma mão agarrar no meu braço e fui puxado para a arrecadação. A porta foi fechada e eu bufei ao ver que a responsável por aquilo tinha sido a Madison.

– O que é que queres, Madison?

– Ai, Kyle... Que mau humor... – Ela riu, vindo na minha direção e agarrando o meu rosto na tentativa de me beijar. Desviei-me rapidamente dela, agarrando os seus braços.

– Para! – Ela parecia desentendida. – Estás louca? Eu tenho namorada.

Ela tentou soltar-se para voltar a tentar beijar-me, e eu agarrei-a novamente, afastando-me.

– Eu sei que não a amas, Kyle. Eu sei, não precisas de fingir à minha frente, querido. – Ela sorriu, e eu olhei desentendido para ela. – Eu sei que é tudo uma aposta, e por isso não me importo que a beijes e que andes com ela. Sei que é tudo a fingir. – Sorriu.

Fiquei paralisado. Ela sabia? Maltido William!

– Não é mais uma mentira, Madison. – Ela ficou parada, olhando chocada para mim e depois gargalhou.

– Não sejas tão bom ator, Kyle. Assim até eu acredito.

– Não é mentira. Eu amo a Zoe, Madison. E vê se te calas e se não abres a boca. – Ameacei, e ela encolheu-se um pouco. – Os teus pais vão adorar saber que a menina deles já foi comida por metade do colégio.

– Vais arrepender-te disto, Kyle. Eu não tenho medo de ti.

Saí rapidamente dali, deixando-a para trás sem sequer dar uma resposta. Se calhar tinha sido muito mau e não deveria ter dito aquilo. Mas precisava de a assustar, ela não podia dizer nada à Zoe. A Zoe não podia saber de nada. Eu não a podia perder.

– Kyle! – Chamou o Jacob e eu parei, olhando para ele, que correu para me alcançar. – Eu já soube. Da aposta. Quero que saibas que não te julgo, ok? Tenho sido um idiota durante este tempo todo, mas estou do teu lado. Se a amas, eu não vou criticar.

– Obrigada, Jake. – Agradeci, sorrindo.

Zoe

Já estava quase na hora da primeira aula e o Kyle não tinha aparecido novamente. Decidi pegar nas minhas coisas e ir indo para a sala para não chegar atrasada. Talvez o encontrasse pelo caminho.

O corredor estava a encher-se de estudantes, e eu fui passando pelo meio deles, levando alguns encontrões ocasionais.

– Bom dia, Zoe! – Franzi o sobrolho ao ver a Madison sorridente. – Como estás?

– Estava bem há uns segundos atrás. O que queres?

– Estava só a tentar ser simpática! – Ergueu os braços no ar, e eu ergui uma sobrancelha. Aquilo era muito estranho. – Bom, espero que estejas bem!

Não lhe respondi nada, apenas segui em frente, encontrando o Kyle à porta da sala.

– Olá, capitão. – Ele sorriu, mas parecia tenso. Beijei-o. – Está tudo bem?

– Sim. – Respondeu.

– Não me pareces muito bem. Aconteceu alguma coisa com o William?

Ele encolheu os ombros, abraçando-me.

– Nada fora do comum. Ele é um idiota. Só isso. – Beijou a minha testa. – E tu?

– Se eu te disser que a Madison me cumprimentou super simpática e me perguntou como é que eu estava o que dirias? – Ri, lembrando-me do nosso encontro no corredor.

Ele arregalou levemente os olhos.

– Foi só isso que ela fez? – Franzi o sobrolho. Ele parecia nervoso. Haveria algo de errado? Talvez ele estivesse só surpreendido.

– Isso não é bizarro o suficiente? – Ri, e ele riu junto comigo.

Durante a aula tentei ignorar o facto do Kyle estar tão tenso. Além disso, estava a tentar fugir aos sorrisos da Madison. Aquilo estava a assustar-me.

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