Zoe
Fui até ao parque onde tinha estado com o Kyle e a partir daí tentei chegar a sua casa, tendo em contas as informações que ele me tinha dado.
Caminhei até aos condomínios e depois dirigi-me à rua de trás, tal como ele me tinha dito.
Todas as casas ali eram luxuosas, com grandes jardins bens cuidados e modernos. Não era surpresa para mim, uma vez que sabia que o Kyle vinha de uma família com muitas posses.
A maioria das casas eram numa tonalidade cinza clara, portanto foi fácil encontrar a casa Branca que ele tinha referido. No entanto, não tinha bem a certeza se seria mesmo aquela, uma vez que não tinha explorado a tua toda ainda. Resolvi arriscar. Tinha que saber o que estava a acontecer.
Toquei à campainha e quase me arrependi de o fazer ao ouvir berros abafados vindos de lá de dentro. Era um homem e uma mulher e eles discutiam violentamente. Juraria que aquela não era a casa de Kyle se não tivesse sido ele a abrir a porta.
– Zoe? – Deu-me espaço para entrar. – O que estás a fazer aqui?
– Não foste às aulas. Eu tentei ligar-te e o teu telemóvel estava desligado. Fiquei preocupada. – Expliquei.
Ele encolheu os ombros.
– Eu não fui ao telemóvel hoje. Devo ter ficado sem bateria. Desculpa, eu devia ter-te avisado. – Sorriu, parecendo triste.
A discussão foi ficando mais acesa no andar de cima. Mordi o lábio, nervosa.
– Que se está a passar?
Ele pegou na carteira e meteu-a no bolso, vestindo um casaco de seguida.
– Podemos sair daqui? – Perguntou, e eu assenti, saindo imediatamente com ele.
Caminhamos em silêncio até ao parque. Acabamos por nos sentar na mesma árvore da outra vez e eu corei um pouco quando ele agarrou na minha mão, entrelaçando os nossos dedos.
Continuei em silêncio, esperando que ele ganhasse coragem para desabafar comigo.
– Eles são sempre assim. Sempre a discutir. – Encolheu os ombros. – Não sei porque ainda estão juntos.
– Talvez tenham esperança de que vai correr tudo bem e que ainda se podem amar. – Especulei, e ele continuou a olhar para o horizonte. – Vem cá. – Chamei, e ele deitou-se com a cabeça nas minhas pernas.
Eu levei a mão até aos seus cabelos e comecei a mexer, para o tentar acalmar. Ele fechou os olhos por uns segundos, parecendo aproveitar o carinho.
– Eles não se amam mais, Zoe. Mas eu não quero falar sobre isso. – Abriu os olhos, fitando-me. – Quero estar contigo. – Ergueu a mão, acariciando-me a bochecha e eu sorri, sentindo a sua carícia.
– Os teus amigos são estranhos. – Admiti, mudando de assunto.
– Eu sei. – Ergueu o tronco, olhando-me atentamente. – Eles fizeram-te alguma coisa?
– Não. – Menti. – Estou só a comentar. És tão diferente deles...
Ele sorriu, embora eu soubesse que não eram um sorriso verdadeiro. Preferi não comentar isso com ele. Ele deveria estar apenas triste e abalado com o ocorrido em casa.
– Eu tenho noção disso. Mas eles são os únicos amigos que eu tenho.
– Autch. Grande consideração da tua parte. – Brinquei.
– Tu és diferente. – Sussurrou, beijando-me. Fechei os olhos, deixando-me levar.
Ele uniu as nossas testas.
– Sou um alien ou algo do género então? – Brinquei.
– És. Eu sempre desconfiei! Estás só à espera do momento certo para me abduzires. – Olhou à volta de forma teatral. – Talvez a tua nave esteja aqui perto. Só tenho de a encontrar.
Gargalhei algo perante a sua atuação dramática, e ele riu também, parecendo descontrair.
– Mas agora falando a sério. – Tossiu para clarear a sua voz. – Eu não sei bem o que és. Mas és diferente.
Estivemos a conversar no parque e estive a tentar falar de assuntos que não o lembrassem do que estava a acontecer em casa.
– Eu tenho que ir para casa! – Levantei-me assustada, ao ver que já estava a escurecer. – A minha mãe deve estar a entrar em parafuso!
– Calma! – Brincou, e levantou-se também, pegando na minha mão. – Vamos buscar o meu carro e eu levo-te. É perigoso andar na rua a esta hora.
Caminhamos abraçados pelo parque quase deserto, e eu ri, surpreendida quando ele me roubou um beijo à socapa.
– Amigos não sei beijam. – Disse, brincando com ele. Mas na verdade eu estava muito envergonhada.
Ele encolheu os ombros.
– Nós beijamos. – Piscou o olho. – E tu gostas bem disso. Não negues que eu sei que gostas!
Kyle
Gostava muito da companhia da Zoe. Nunca me senti tão calmo após uma discussão dos meus pais. Deixei-a em casa, despedindo-me dela com um beijo singelo na testa.
Beijá-la mexia muito comigo. E eu não me queria distrair porque precisava de ganhar aquela porcaria da aposta.
As coisas estavam a correr muito bem. Ela estava a confiar cada vez mais em mim e era uma questão de tempo até estar ganho. Talvez a pedisse em namoro primeiro. Talvez não.
Bati com as mãos no volante, tentando controlar a minha raiva. Estava a envolver-me com ela. Estava a começar a querer estar com ela.
Acho até que a amava. Mas não podia ser. Eu só a precisava de foder. Não me podia envolver mais do que isso.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sunshine
FanficOnde Kyle faz uma aposta que não acaba tão bem como esperado. Ou será que acaba?