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[5 anos depois]

Zoe

5 anos. 5 anos sem ver o Kyle. Voltei algumas vezes a Londres, mas sempre tive a sorte de não o encontrar. Por um lado, parte de mim queria vê-lo. Mas depois pensava na aposta e acaba por desistir.

Acabei por ficar permanentemente no Canadá. Estudei contabilidade e marketing como desejava e tentei esquecer a humilhante história do meu passado. Na hora de encontrar um bom emprego, desesperei-me ao ver que não havia boas ofertas disponíveis. Os lugares estavam quase todos ocupados por pessoas com mais experiência na área. Foi graças a isso e à Skylar que tive que engolir o meu orgulho e voltar para Londres.

Conheci a Skylar na faculdade, e ficámos boas amigas. Quando acabamos o curso ela voltou para Londres para ir viver com o namorado Luke, que trabalhava numa empresa de joalharia. Ela convenceu-me a voltar para lá meses depois, uma vez que o namorado me alertou para uma vaga de emprego na empresa onde trabalhava.

Cruzei as pernas, nervosa. A empresa era incrível. Um prédio enorme que parecia todo feito em vidro opaco escuro. Nem sabia bem explicar.

– Zoe! – Uma senhora baixinha de meia idade veio ao meu encontro, apertando-me a mão. – Sou a Amy. Vem comigo. Vou ser eu a fazer a entrevista. – Sorriu. – Só tens que responder a umas perguntas.

Assenti, respirando fundo e seguindo a senhora Amy pelo corredor.

Kyle

Nunca mais vi a Zoe depois aquilo. Aliás, vi. Mas não consegui falar com ela. Vi-a apenas ao longe, a sair de casa da sua mãe.

Desde aí tentei não pensar mais naquilo. Em vão, claro. Ela nunca me saiu da cabeça. Nunca a consegui esquecer.

Enchi a cabeça com a faculdade e depois do meu pai me ter passado a empresa, passei a focar-me no sucesso. Foquei-me tanto naquilo que a Spencer's Jewelery estava nos topos quando se tratava da produção de jóias, e eu estava apenas há um ano no comando. A Amy estava a tratar de fazer entrevistas de emprego, enquanto eu apenas analisava os currículos das pessoas com quem ela falava.

Corri os olhos por diversas fichas, não encontrando nenhuma que chamasse particularmente a minha atenção. Até chegar ao último.

Tive que reler duas vezes. Não queria acreditar. Zoe Benson. Era ela. O meu coração quis sair do meu peito. Eu ainda a podia conquistar. Ainda havia chances.

Peguei rapidamente o telefone e chamei a Amy.

– Chamou, senhor Spencer?

Assenti, e ela permaneceu em pé, olhando atentamente para mim. Estendi-lhe o currículo da Zoe.

– Ela já chegou?

– Sim, senhor. Está à espera que a chame para a entrevista.

– Ela está contratada. – A Amy olhou-me de forma estranha, mas apenas confirmou. – Faz na mesma a entrevista. Tudo normal. Mas independentemente do que aconteça, a vaga é dela. Age apenas normalmente.

– Sim, senhor.

Zoe

A entrevista estava a correr bem. A senhora Amy parecia satisfeita com o meu currículo e acabou por me surpreender verdadeiramente no fim.

– Bom, Zoe. Eu gostei do seu currículo. Mesmo. – Sorriu. – Acho que não preciso de perguntar mais nada. A vaga é tua.

Quis saltar de alegria, mas ao invés disso apenas abri a boca de espanto e sorri abertamente, apertando-lhe a mão.

– Muito obrigada! – Eu estava mesmo feliz, e ela riu.

– Não tens que agradecer, querida. – Encaminhou-se para a porta. – Vem conhecer o chefe.

Franzi o sobrolho. Achei que ela era a superior ali dentro. O Luke apenas me tinha falado dela. Encolhi os ombros, seguindo-a.

Ela bateu a uma porta, entrando de seguida. Eu mordi o lábio, nervosa. A sala era bem grande e organizada. Com sofás, uma pequena mesa com bebidas e copos, uma estante e uma secretária enorme. Os quadros que decoraram aquele sítio deviam de ser mais caros do que a minha casa. O meu chefe, por sua vez, continuava virado de costas para mim, sentado na sua cadeira de pele confortável.

– Podes ir, Amy. Obrigada. – Aquela voz...

A Amy saiu, deixando-me sozinha e desesperada ali dentro. O meu desespero foi máximo e misturou-se com um misto de sensações que nem sei explicar quando ele virou a cadeira e eu o vi.

– Isto é alguma brincadeira? – Cruzei os braços, tentando não mostrar a minha emoção por o ver. Queria chorar. Queria gritar. Abraçá-lo e dar-lhe umas palmadas ao mesmo tempo. Mas a ideia de fugir ainda parecia melhor.

– Zoe. – Cumprimentou, sorrindo. – É bom ver-te.

– Ah, pelo amor de Deus, Kyle!

– Senta-te. – Apontou para uma das cadeiras. – Vamos conversar.

– Não temos nada para conversar. Eu despeço-me, não quero mais a vaga. – Mordi o interior da minha bochecha. Queria chorar. Mas não podia.

– Zoe, não digas isso. Sei que precisas deste emprego. – Ele tinha razão. – Senta-te um pouco... Por favor... Eu... Seria bom falar comigo. Não te vejo há imenso tempo.

Acabei por me sentar.

– Entendo que não queiras falar comigo. Mas vamos tentar manter uma relação profissional apenas. Depois logo se verá. – Sorriu levemente, e eu tentei não olhar para o seu sorriso. Ainda sentia o meu coração acelerado no peito.

– Relação estritamente profissional. Não quero ter que falar contigo mais do que o necessário. – Tentei parecer dura e indiferente.

– Claro. – Ele sorriu, meio triste.

Relaxei um pouco quando finalmente saí dali com o meu horário. Tentei acalmar o meu coração, que ainda estava aos pulos no meu peito.

Eu teria uma bela conversa com o Luke e com a Skylar.

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