-8-

79 5 0
                                    

Kyle

Para além de ter problemas de consciência constantes por causa da porcaria da aposta, não aguentava mais os berros vindos da sala de jantar.

Desta vez eles estavam a discutir porque o meu pai chegou a casa com uma suposta marca de batom na camisa, e ele negava a pés juntos isso. Dizia que a minha mãe era louca.

Eu já não aguentava mais aquilo. Levantei-me num salto, pegando no meu telemóvel e na carteira e saindo de casa. Passei por eles e bati a porta de entrada para denotar a minha presença. Peguei no carro e conduzi até ao primeiro lugar que me lembrei.

Quando cheguei a casa da Zoe, estava tudo apagado. Era de noite já. Entrei sem fazer barulho no quintal de casa dela e comecei a atirar pequenas pedras à janela do quarto. Sorri aliviado quando a luz se acendeu e ela apareceu à janela, em pijama. Adorável.

– Kyle? – Ela sussurrou.

– Posso subir?

Ela assentiu, confusa, e eu servi-me de uma escada que estava encostada a um monte de lenha para subir. Apoiei-a na parede e tentei não pensar na altura e no risco de cair.

Zoe

O meu coração quase falhava ao ver o Kyle subir a escada. Só suspirei de alívio quando vi as suas mãos no batente da janela. Ajudei-o a entrar.

– És louco? Podias ter morrido! – Ralhei e ele encolheu os ombros, sentado-se na beira da minha cama. – Está tudo bem? O que estás a fazer aqui a esta hora?

Ele não me respondeu, apenas chorou. Fechei rapidamente a janela, sentado-me ao seu lado e abraçando-o. Deixei que ele chorasse no meu ombro.

Ele afastou-se, tentando controlar o choro e apoiando a cara na sua mão.

– Kyle... – Sussurrei, afastando os seus cabelos do seu rosto. – Eu estou aqui. O que se passa?

Ele fungou, limpando as lágrimas à manga da camisola.

– Os meus pais estão a discutir outra vez. Às vezes sinto que sou invisível para eles. – Encolheu os ombros, fungando novamente. – Eu saí e bati a porta da entrada de propósito. Na esperança de que eles reparassem que têm um filho. Mas eles não repararam. – Sorriu triste para mim. – Eles nem repararam que eu saí, Zoe.

Abracei-o novamente. Ele suspirou e voltou a afastar-se para limpar novamente as lágrimas.

– E depois eu não posso mostrar a ninguém que sofro. Não posso chorar, e eu estou farto. – Acariciei os seus cabelos enquanto ele falava. – Na escola tento sempre manter o meu estatuto de pessoa com uma vida boa. Mas olha para mim, Zoe. Eu estou completamente em cacos. Não aguento mais, tenho que deixar sair.

– Kyle, está tudo bem... Estás à vontade... Estou aqui para te ouvir. Não para julgar. Chora à vontade. – Acariciei as suas costas e ele pareceu relaxar um pouco.

– Eles estão tão preocupados a descobrir quem traiu quem primeiro que nem reparam o quanto isso me magoa. – Limpou as lágrimas. – Eu não tenho amigos, Zoe. Só te tenho a ti. Só a ti...

Não tive tempo de falar, porque ele se inclinou na minha direção e me beijou. Beijou-me como nunca me tinha beijado antes.

Ele continuou a fazer pressão sobre mim, fazendo-me deitar. Ele ficou sobre mim enquanto me beijava e eu comecei a ficar nervosa ao perceber o que iria acontecer. Queria aquilo também, mas nunca o tinha feito e não sabia bem o que fazer.

Ele desceu os beijos até ao meu pescoço.

– Kyle... Eu... – Murmurei, e desisti de tentar falar quando senti que os beijos tinham alcançado uma parte muito frágil do meu ombro.

Arqueei-me ligeiramente ao sentir-me arrepiar, soltando um gemido tímido. Corei fortemente ao ouvir o som que saiu da minha boca.

Ele levou as mãos até à minha cintura, começando a levantar aos poucos a minha camisola. Fiquei nervosa, e copiei o que ele tinha feito no seu pescoço, ficando mais satisfeita quando ouvi pequenos suspiros saírem dos seus lábios.

– Zoe... – Ele suspirou, afastando-se ligeiramente. – Desculpa... Eu não... – Saiu de cima de mim e sentou-se com as pernas cruzadas. Eu copiei o seu movimento, nervosa.

– Desculpa. – Pedi, envergonhada. – Eu fiz algo de errado?

– Não. Claro que não! – Ele acariciou as minhas bochechas coradas e beijou a minha testa. – Pelo contrário. Eu estava a adorar. Mesmo. – Pegou nas minhas mãos. – Eu só... Preciso de resolver umas coisas antes, sim?

Franzi o sobrolho, interrogado-me o que seria. No entanto, vendo o estado de tristeza em que ele se encontrava, apenas assenti com a cabeça.

– Como te sentes? – Perguntei.

– Estou muito melhor. – Sorriu. – Estar contigo acalma-me muito. Obrigada.

Apenas sorri, beijando levemente os seus lábios.

Ele pegou a minha face com ambas as mãos e beijou suavemente o meu nariz, fazendo-me sorrir.

– Eu amo-te muito, Zoe.

– Eu também. – Sorri.

SunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora