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Kyle

– Kyle, meu! – O Jacob correu até mim. Eu tinha ficado parado no meio da rua, sem saber o que fazer, enquanto via a Zoe desaparecer lentamente do meu campo de visão.

Talvez devesse ter ido atrás dela, mas não tinha forças. Fiquei congelado e só consegui chorar.

Limpei rapidamente as lágrimas quando ouvi o Jacob aproximar-se de mim.

– O que é que queres, Jacob? – Virei-me para ele.

Ele ergueu os braços, aproximando-se lentamente de mim. Respirei fundo, tentando ficar mais calmo.

– Não fui eu. Eu juro. Eu mesmo disse que te apoiava nisto. – Encolheu os ombros. – Provavelmente foi o William.

Assenti. Era óbvio que tinha sido o William. Ele era um idiota. Aliás, todos eram. Estava até surpreendido pelo Jacob ter ficado do meu lado e não estar a gozar comigo.

Bufei e comecei a caminhar, sem saber ao certo para onde me dirigia.

– Onde vais?

– Eu não sei. – Admiti. – Preciso apenas de sair daqui.

Ele começou a caminhar a meu lado e eu continuei em silêncio. Não queria falar com ninguém. Não sabia o que dizer sequer.

Sentamo-nos num banco qualquer de uma praça. Nem tinha prestado grande atenção ao caminho que fizemos. Apenas me sentei e apoiei a cabeça entre os meus braços.

– Porque é que não lhe contaste nada sobre a aposta? – Ele cortou o silêncio, e eu suspirei. – Quer dizer... Tu desististe da aposta. Devias ter-lhe contado.

Bufei, olhando para ele.

– Achas que eu não sei isso? – Elevei a voz. – Desculpa ter gritado. Eu não a queria perder. Só isso. Mas perdi na mesma. E tu? Não me contaste ao certo porque é que de repente deixaste o grupo para trás.

– Abri os olhos apenas. – Encolheu os ombros, olhando para o horizonte. – Vi o quão feliz estavas sem eles. E cheguei à conclusão de que eles são tóxicos.

Assenti com a cabeça. Fiquei feliz por ter mais uma pessoa que me entendia. Mas ninguém chegava aos Calcanhares da Zoe. Só de pensar nela o meu coração apertou de tal forma que quase me sofucou.

– Eu tenho que ir ver a Zoe.

– Eu vou buscar o carro. Não estás em condições de conduzir.

Pedi ao Jacob que me levasse ao parque onde eu e a Zoe costumavamos ir. Tinha esperança de a encontrar lá, já que era um sítio que ela adorava.

– É aqui?

– Sim. – Confirmei, saindo rapidamente do carro.

Talvez ela tivesse ido para lá para refletir. Mas no fundo eu sabia que ela não estaria ali, já que o sítio lhe trazia lembranças minhas. E ela tinha dito que eu era a última pessoa do mundo que ela queria ver.

Corri o parque de uma ponta à outra sempre seguido pelo Jacob. Nada.

– Já passámos várias vezes por esta árvore, Kyle. Não vale a pena. Ela não está aqui. – Colocou a mão nas minhas costas. – Vamos até casa dela. É mais provável que ela esteja lá.

– Tens razão. Eu só... Pensei que talvez ela estivesse aqui à minha espera para resolver tudo...

– Eu sei... Anda. Preciso que me guies até lá. – Eu sorri de leve e fui com ele para o carro.

Mal ele parou o carro, eu livre-me do cinto de segurança e corri para a porta de sua casa. As minhas esperanças foram um pouco destruídas quando a mãe dela abriu a porta e não ela.

– Senhora Benson. – Cumprimentei.

– Kyle! Que bom ver-te! – Sorriu e eu fiquei surpreendido pelo seu gesto. Estava à espera que ela berrasse comigo pelo que eu tinha feito à sua filha. Se calhar ela não tinha ido ainda a casa. Ou não tinha contado nada. – Entrem!

Olhei ao meu redor, não encontrando nenhum sinal da Zoe. Mordi o lábio, nervoso.

– A Zoe está em casa?

– A Zoe? Ela não te disse nada?

Franzi o sobrolho. O que teria acontecido?

– Não, senhora Benson. Aconteceu alguma coisa?

Ela encolheu os ombros, triste.

– Ela foi embora. – Forçou o sorriso, mas eu vi os seus olhos vermelhos de lágrimas. – Foi ter com o pai. Tentei impedir que ela fosse, mas não valeu a pena. Achei melhor deixa-la ir.

– Eu... Eu não sabia... Sinto muito.

– Não tem problema. Eu fico feliz por ela seguir o que a faz feliz. – Sorriu novamente, triste. – Aconteceu alguma coisa?

– Não. – Menti. – Eu precisava só de falar com ela.

Ela olhou para o relógio, suspirando.

– Acho que já não a apanhas a tempo... Se tivesses chegado mais cedo ainda a tinhas visto.

Agradeci imenso à mãe dela e corri para o carro, tentando abrir a porta do condutor que estava trancada.

– Kyle! O que estás a fazer?

– Estou a ir atrás dela. – Tentei abrir novamente a porta do condutor.

– Kyle. – Ignorei, continuando a tentar abrir a maldita porta. – KYLE! – Ele aproximou-se de mim, levando-me para longe do carro e colocando uma mão nas minhas costas. Chorei. – Esquece. Não chegas a tempo.

Ele tinha razão. Não chegaria a tempo. Portanto só me restava chorar.

SunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora