Gwangju, South Korea
Dias Atuais
??:??O formigamento em minhas pernas provavelmente pode ser justificado pelo tempo em que eu passei sem movimentá-las. Minha visão continua oscilando por várias e várias vezes, focando e desfocando a todo momento.
Todos os músculos do meu corpo doíam e gritavam a qualquer mínima movimentação que eu fizesse.Tento ignorar a dor por mais incômoda que esteja, e me viro para sair da maca. Assim que meus pés entram em contato com o chão gélido meus joelhos fraquejam, fazendo com que meu corpo vá de encontro ao piso frio. Arranco o cateter venoso que estava inserido no meu braço juntamente do esparadrapo.
Arfo de dor e levo a mão até minha testa, que latejava por conta do forte impacto. Tenho certeza de que em breve um hematoma maior que minha cabeça aparecerá no local. Me apoio em uma das mãos e sem enrolação me ponho de pé novamente.Aperto os olhos algumas vezes como se isso fosse me ajudar de alguma forma, e vou cambaleando em direção à porta. Rapidamente e de maneira abrupta alcanço a maçaneta e por várias vezes fico tentando abrir, por mais que desde a primeira tentativa eu já tenha percebido que a porta estava trancada.
Desisto de tentar e busco apoio no balcão que está mais próximo à mim, já que meu corpo continua instável e fraco.
Ainda meio aérea, tento organizar meus pensamentos que, no momento estão um emaranhado de lembranças confusas e incertas. Sem sucesso, depois de alguns longos segundos levanto meu olhar e consigo ver um post-it laranja neon que está colado de maneira desengonçada na parede, à minha frente."121002"
Os números estão falhos provavelmente devido a caneta com pouca tinta que foi usada; a escrita é corrida como se a pessoa estivesse com pressa, e as pontas estão levemente amassadas por conta da forma descuidada que o papel foi manuseado.
Doze de outubro de dois mil e dois.
O dia do meu nascimento.Olho novamente para a porta e meus olhos analisam a fechadura digital que até o momento eu ainda não havia percebido que estava ali. Vou novamente até lá e digito os números que estavam anotados no pequeno post-it neon.
A musiquinha que toca assim que eu termino de digitar anuncia que a porta foi destrancada. Suspiro aliviada.
Poderia sair pulando em comemoração, porém no estado em que me encontro, no primeiro movimento brusco que fizesse eu provavelmente desmaiaria.A porta dá acesso a uma longa escadaria mal iluminada. As paredes estão mofadas e aparentemente com infiltrações; o cheiro é forte, como se algum animal estivesse se decompondo ali. Só o pensamento de que eu irei ter que subir todos esses degraus me causa náuseas, mas me seguro.
Dou os primeiros passos e meu coração quase sai pela boca quando uma ratazana guincha e passa correndo por entre os meus pés. Retomo o fôlego e continuo meu caminho, olhando atentamente para todos os lados.
Evito encostar no corrimão, então uso meus joelhos como apoio a cada degrau que subo.
Quando enfim chego ao final da escadaria, meu cérebro demora para assimilar oque vê.
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𝐃𝐞𝐬𝐨𝐫𝐝𝐞𝐦 𝐣𝐣𝐤-𝐤𝐭𝐡
FanfictionO ano é 2023, já se passaram três anos desde que um vírus semelhante a raiva conseguiu exterminar mais da metade da raça humana, transformando aqueles que foram infectados em mortos-vivos, ou como são mais conhecidos: "andarilhos". Ao acordar de um...