O ano é 2023, já se passaram três anos desde que um vírus semelhante a raiva conseguiu exterminar mais da metade da raça humana, transformando aqueles que foram infectados em mortos-vivos, ou como são mais conhecidos: "andarilhos".
Ao acordar de um...
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Gwangju, South Korea 13.10.2023 06:12 AM
Inconsequência ou desespero? Não sei, mas essas duas palavras vêm me assolando à um bom tempo.
Sabe, eu sempre fui uma pessoa cética. A todo momento pondo em questão e questionando tudo e qualquer coisa, o que me leva a nunca acreditar cegamente em algo. Vivendo sempre em uma constante dúvida, causada pela minha intrínseca incapacidade de confiar e me entregar cem por cento á algo. Era como uma maneira que meu subconsciente havia criado para me proteger de possíveis futuras decepções. Pode parecer clichê mas aprendi da pior forma que quanto mais expectativa você coloca em algo, maior é a queda. Basear suas verdades em probabilidades, coisas sem uma base, é algo incerto demais. Como um tiro no escuro. Mas quando todas as probabilidades correm para uma mesma direção, é como se o universo te chacoalhasse pelos ombro dando duas bofetadas uma de cada lado do seu rosto e gritasse em seus ouvidos. Se torna inegável.
O silêncio pairava pelo lugar, e eu sentia como se todos pudessem ouvir meu coração batendo freneticamente no peito.
O homem à minha frente desliza lentamente a língua pelos lábios, me analisando meticulosamente. Ele era alto, esbelto, e mesmo através das roupas podia-se notar os músculos firmes, muito bem definidos. Seus olhos são como dois céus estrelados em meio aos primeiros raios de sol do início da manhã. Um contraste sublime e excepcional. Fixados aos meus da maneira mais intensa possível, é quase tão íntimo quanto se estivéssemos dando uns amassos. Mordi o interior da minha boca outra vez buscando por altivez.
— Você está mesmo falando sério, não é? - A voz melodiosa da mais velha corta o silêncio, ecoando pela igreja.
Relutantemente consigo quebrar o contato visual com o moreno, e direciono meu olhar até a Woo Jin.
— Como sabemos que podemos confiar em você? - A acastanhada também questiona, parecendo desconfiada. - Não me leve a mal, mas não sabemos sequer o seu nome e eu acho surpreendente que você se lembre ao menos do seu aniversário. - Se aproximou mais alguns passos — Então me diga, que garantia temos de que você está falando a verdade?
O silêncio mais uma vez recai sobre a sala, e noto que mesmo sem se pronunciar, todos concordam com o que Jiwoo havia acabado de falar. Exceto uma pessoa; esperança cintila nos olhos de Lee Min Suk. Se todos ali pareciam desconfiados e hesitantes, o garoto pelo contrário parecia estar vislumbrado. Como se finalmente pudesse enxergar a luz no fim do túnel, e não pude evitar sorrir com isso.
— Não sabem. - Fui direta, sem rodeios. Não tenho como provar a eles que realmente sei onde podemos encontrar comida, e sei que confiar em mim vai ser uma decisão difícil. Eu mesma não confiaria se estivesse no lugar deles. Mas que outras opções temos? — Não existe uma garantia, mas espero que a minha palavra seja o suficiente. É tudo o que posso oferecer no momento.
