Jamais, em toda a minha vida, achei que vomitaria por descobrir algo. Foi isso que aconteceu o caminho inteiro para a casa. Tive que parar o carro no meio da rua dezenas de vezes, apenas para poder colocar tudo para fora.
Não passei pela porta como de costume, fui direto para a escada do lado da minha janela, subindo como se fosse a menor escada do mundo.
Odiei meu quarto no momento em que pisei nele, tantas mentiras em um só lugar. Não posso dizer nem que sei quem eu realmente sou.
Fui para a frente do espelho, na tentativa de fazer a dança levar embora os pensamentos não existentes. Mas meu reflexo nele me fez ter mais lembranças esquisitas.
"Vamos dançar na chuva, a mamãe deixou."
"Não acredita no papai, ele não sabe do que fala."
"Se você não quer dançar, eu também não quero."
"Quando tiver medo, aperta o pingente, ok? Isso quer dizer que sempre vou estar com você."
O enjoo voltou para meu corpo, assim como a confusão dos meus pensamentos. O garoto no reflexo não parece comigo, não sou eu ali.
Os quadros na minha escrivaninha é uma criança que foi roubada, eu sou uma criança sequestrada. De repente, tudo começou a fazer sentindo.
O monitoramento para ver desenhos, a minha proibição para ir a escola, não poder viajar com minha família e ficar sobre a vigilância dos meus avós. Ter minha liberdade tirada por pessoas que disseram ser meus pais.
Um quadro vôou na porta no banheiro, fazendo um estrondo pelo vidro quebrado. Outro acertou o vidro da janela, causando mais um barulho horroroso. E por fim, um acertou meu reflexo no espelho, fazendo pedaços de vidro se espalharem por todo o quarto.
Eu gritei tão alto que achei que poderia ficar sem voz. Joguei mais coisas na parede, na tentativa de tirar essas lembranças angustiadoras da minha mente.
Pisei nos cacos espalhados no chão, esperando que eles perfurassem minha pele e junto com o sangue, as memórias torturantes também escorressem.
Quando minha porta foi aberta, o objeto que joguei na direção dela quase acertou a pessoa que entrou.
- Joshua, o que aconteceu aqui?!- minha mãe perguntou gritando, e quando a olhei, me lembrei que ela não é minha mãe.
- Não se aproxima de mim!- eu gritei, dando passos para trás enquanto ela se aproxima.
- O que te fizeram? Foi a Joalin de novo? Por que você está quebrando seu quarto inteiro?!
- Que barulheira é essa?!- meu pai perguntou, se assustando quando entrou no quarto.
- Saíam daqui!- gritei- Eu vou chamar a polícia!
Eu realmente chamaria se não tivesse arremessado meu celular na parede.
- Por que você vai chamar a polícia para os seus pais filho? Fique tranquilo, nos conte o que está acontecendo!
- Não me chama assim! Vocês não são meus pais, vocês nunca foram, parem de confundir minha mente!
- Josh, claro que somos seus pais, do que você está falando?- Ursula perguntou com os olhos apavorados do lado da minha cama.
- Josh? Mamãe o que está acontecendo?- Sofya apareceu na porta, os olhos molhados mostrando que estava chorando- Por que todo mundo está gritando? Você está chorando Josh?
Passei a mão por baixo dos meus olhos, e antes que Sofya se aproximasse eu a impedi por estar descalça.
- Não venha aqui Sofya, está cheio de cacos. Volte para o seu quarto por favor.
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Por fim, te encontrei!
RomanceNÃO PERMITIDO ADAPTAÇÕES, CASO ACONTEÇA SEM MINHA PERMISSÃO, SERIA DENUNCIADO COMO PLÁGIO Em uma tarde ele se foi, deixando a garota chorando no balanço de sua casa. Dias sem fim de buscas sem sucesso. Um único presente que ainda o deixava em sua...