Acordei ainda deitado na barriga da Any. O sol ainda não saiu e posso escutar o barulho dos grilos lá fora. Tentei pegar meu celular na escrivaninha, mas no mesmo instante me lembrei que o arremessei na parede.
Any está respirando com dificuldade pelo o meu peso em cima dela. Então com o máximo de cuidado, eu voltei a ficar ao seu lado na cama, permitindo que ela ficasse livre para se mexer.
Saí do quarto quando tive certeza que não a acordei. Preciso de água, um remédio para dor de cabeça e de alguma coisa que faça as memórias sumirem.
Cambaliei pela escada, tentando não cair por não enxergar os degraus. Tentei lembrar do caminho até a cozinha e onde os móveis estão posicionados para não esbarrar em nenhum deles. Mas não adiantou em nada, já que esbarrei no sofá e na mesa de centro.
Quando cheguei na cozinha, o interruptor pareceu não existir em nenhum lugar da parede, pensei na probabilidade de continuar no escuro e encontrar as coisas que preciso. Mas consegui encontrar o interruptor mais próximo do que imaginei que ele estava.
A claridade da luz fez meus olhos doerem pela sensibilidade, pisquei algumas vezes para conseguir me acostumar. Olhei para o relógio na parede e vi que ainda são cinco e meia da manhã, menos de quatro horas de sono é a explicação por ainda estar tão exausto.
Enchi um copo com água e abri as gavetas até encontrar um remédio para aliviar a dor. Me sentei em uma das banquetas da ilha, engolindo o comprimido e quase toda a água.
Fiquei sentado até o dia começar a aparecer, quando vi o céu clareando pela janela dei um jeito de subir no telhado. Não foi difícil, o sótão da acesso até aqui.
Observei o sol nascendo aos poucos, conseguindo clarear tudo que toca menos as imagens na minha cabeça. Estou mais cansado por um dia, do que por toda a minha vida. Deitei no telhado úmido pela noite, molhando a parte de trás do pijama que Any me emprestou, e não me importando com o fato de que meu corpo poderia escorregar e ir ao chão a qualquer momento.
Quando o sol já estava alto o suficiente voltei para dentro de casa. Any continua dormindo e não parece que vai acordar tão cedo. Fiquei sentando no sofá da sala esperando até ela acordar, mas isso pareceu nunca acontecer. Então me direcionei mais uma vez até a cozinha.
Abri os armários pegando coisas o suficiente para fazer um café da manhã para nós dois. Ela não fez doce esse fim de semana o que me deixou um pouco chateado, pois abri tudo na procura do seu brownie.
Fiquei surpreso por Any não ter acordado quando liguei o liquidificador para bater os ingredientes da panqueca. Derramei a massa na frigideira, fui até o armário para pegar um prato e quando estava voltando para o fogão a porta da frente foi aberta.
- Que bom que conseguimos chegar mais cedo dessa vez, estou exauta.- uma mulher disse na sala.
Tirei a panqueca da frigideira assim que ela ficou pronta. Quando fui colocar mais um pouco de massa, não sei se caiu mais fora ou dentro com o susto que eu levei pelo grito horroroso que a mulher deu.
- Carlos! Invadiram nossa casa!- ela continuou gritando.
Não sei se explico para ela que eu não invandi casa nenhuma, ou se primeiro arrumo a bagunça que fiz no fogão.
- Olha, Any ainda está dormindo no andar de cima. Não tem motivo para a senhora estar gritando tanto.- falei despejando a massa dentro da frigideira dessa vez.
- Como você conhece minha filha?! E o que você está fazendo na minha cozinha?!
- Café da manhã?- falei apontando para a panqueca do prato.
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Por fim, te encontrei!
RomanceNÃO PERMITIDO ADAPTAÇÕES, CASO ACONTEÇA SEM MINHA PERMISSÃO, SERIA DENUNCIADO COMO PLÁGIO Em uma tarde ele se foi, deixando a garota chorando no balanço de sua casa. Dias sem fim de buscas sem sucesso. Um único presente que ainda o deixava em sua...