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N/A: Não esqueçam de favoritar.


- Vamos lá, pessoal. As apresentações estão chegando, quero todo mundo fazendo a última sequência de novo. Camilly, você continua errando no salto Jeté, mais uma vez. 1 – 2 – 3 Jeté, isso mesmo. De novo, todo mundo. – Eu andava por entre a turma, analisando cada bailarino.

- Aurora, desculpa interromper sua aula, mas você tem uma reunião com a prefeita daqui a 10 minutos. – Minha secretária de meia idade Shirley, me comunicou.

- Obrigada, Shirley. Chame o Kabir e diga que já estou indo para sala da diretoria. – Me virei novamente para turma. – Vocês precisam ensaiar mais. Falta sincronização e precisão em muitos passos, vocês estão desatentos com a melodia e o tempo da música.

A sala se manteve calada, apenas me ouvindo.

- Vocês sabem que se estiver acontecendo algo na vida pessoal, ou algum problema aqui na escola de dança, vocês podem falar não só comigo, como com o Diretor Kabir e a psicóloga, não é? – Perguntei alto, enquanto guardava a sapatilha na bolsa.

- Sim, Diretora Aurora. – Falaram em uníssono.

- Então, por favor não hesitem em pedir ajuda, estamos aqui para ajudar vocês a alcançar seus sonhos, mas vocês também precisam se esforçar. Temos todo um suporte de tutores, professores, psicólogos, salas de treino, tudo a disposição de vocês, usufruam disso porque não é qualquer escola de dança que dá isso a vocês. Na próxima aula, quero a sequência impecável. Estão dispensados.

Eu gostava de dar aula, de ser respeitada, de ver os sonhos de outras crianças se realizando. Isso era o que eu sempre quis fazer na vida, me sinto realizada com a profissão.

Enquanto me dirigia até a sala de reuniões, escutei um grupinho de meninas conversando perto dos armários.

- A professora Aurora é meio rígida, né? – A mais baixa falou.

- É, mas ela é compreensiva e uma ótima bailarina. Entendo o porquê ser rígida, ela precisa ser respeitada. – A loira arrumava suas coisas dentro do armário.

- Ela e o professor Kabir construíram essa escola sozinhos. Deve ser difícil ser professora, diretora e ainda fazer parte de uma companhia de dança. Ela é tipo a mulher maravilha da dança. – Sorri com o comentário e comecei a me achar, é eu bem que poderia ser a mulher maravilha mesmo.

- E vocês viram como ela está bonita de trança agora?

- Nossa combinou muito com ela.

Eu tinha feito tranças Box Braids graças ao buraco que ficou no meu cabelo. Optei por um castanho escuro porque assim meu cabelo se camuflava.

- Quero ser igual a ela, só que com um namorado.

- Acho que ela deve ser chata com os namorados, por isso vive sozinha. – Não acredito que minha vida amorosa virou pauta.

- Ninguém, é perfeito. Ela já está ficando velha. – Elas se reuniram e foram embora, me deixando sozinha pensando naquela conversa.

- Cara, numa hora eu sou a mulher maravilha, na outra eu já me torno uma velha solitária e chata? Acho que essas crianças precisam de mais trabalho pra parar de pensar na minha vida.

Eu concordava que minha vida amorosa era péssima, mas minha vida profissional ia as mil maravilhas. Sim, eu e o Kabir construímos essa enorme escola de dança e tudo começou com uma escolinha onde só tinha ballet contemporâneo e Street dance, duas pequenas salas, com espelhos quebrados e barras enferrujadas.

PHASES 2.0 ★ Mark Tuan ★Onde histórias criam vida. Descubra agora