PHASES 2.0 ★ Mark Tuan ★

4 ★

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Qual a probabilidade de eu estar delirando? Será que eu desmaiei quando cheguei em casa e isso tudo não passa de um sonho?

Me virei aos poucos para ver se eu não estava doida e me surpreendi quando notei que realmente não estava. Eu escutei certo, eu vi certo. Era ele. O Mark estava na minha frente com o mesmo olhar de espanto que o meu.

- Você! – sua boca mexeu, mas estranhamente não saiu som algum.

Eu estava congelada no mesmo lugar, com o porta-retrato em mãos, olhando o que mais parecia um fantasma para mim. O fantasma mais lindo que já vi na vida. Minha boca se formou em um grande 'O', mas não consegui dizer nada, ou ao menos me mexer.

Estávamos ali, parados no mesmo cômodo, trocando olhares surpresos depois de 4 anos. Tudo aquilo parecia o meu maior sonho misturado com o meu maior pesadelo. Por que o universo me odeia tanto?

A cena deve ter durado segundos, mas para mim era como se o tempo estivesse parado, ninguém se mexia ou falada e, por um momento, até esqueci que a própria Lihua estava ali. Mas, antes de que tudo piorasse e a gente tivesse que fingir que não se conhece – ou pior, que se conhece e muito – minha mente me mandou correr e, por instinto, foi o que eu fiz.

Sai em disparada pra o meu apartamento sem dar nenhuma explicação, apenas deixando todos perplexos e ouvindo resmungos da chinesa atrás de mim, poderia ser uma cena cômica, se não fosse trágica devido a toda história que carregávamos conosco. Fechei a porta de uma vez, me deixando escorregar por ela e só então soltar o ar que eu estava prendendo desde que o vi. Não era possível, era?

- Existem 50 estados nesse país, e ele tinha que estar logo em São Francisco? E de toda São Francisco, ele tinha logo que ser meu vizinho da frente? – Era muita informação pra minha cabeça e, principalmente, muita coincidência.

Enquanto me perdia tentando calcular a probabilidade do meu ex namorado/ex melhor amigo/ex vizinho morar no mesmo prédio que eu depois de 4 anos e um péssimo término, notei que ainda segurava o porta-retrato da vizinha em minhas mãos.

- Ele está ainda mais bonito do que antes. – Falei sozinha, analisando novamente a foto. – Sempre achei que combinaria com um tom mais sóbrio de cabelo.

Sorri ao lembrar de como ele costumava amar o cabelo vermelho Rihanna Loud – era como eu chamava o tom, já que era idêntico ao da cantora no álbum loud, inclusive Califórnia King Bed foi a primeira música que cantei pra ele quando o vi com aquele cabelo... bons tempos – e dizer que nunca mudaria mesmo que acabasse com o cabelo. Ele parece muito mais maduro agora.

- Mas porque você não parece feliz? – alisei seu rosto pelo vidro que me impedia de tocar na fotografia. – Em meus sonhos, você sempre estava feliz, o som da sua risada me fazia pensar que o que fiz foi certo e você estaria vivendo uma vida muito melhor.

Uma melancolia me invadiu e uma dúvida que nunca se quer passou por meus pensamentos, habitou minha mente.

- Meu Deus, será que eu fiz certo? Por que ele não parece feliz? Não era pra ser assim. – Um soluço angustiante saiu de minha garganta.

Sim, eu sempre estive muito segura das minhas escolhas mesmo se outras pessoas não concordassem com elas. Sempre pensei que tinha que ser forte ao decidir algo e arcar com as consequências daquilo, nunca tomei decisões precipitadas e por isso achei que eram as certas, mas agora com a realidade batendo literalmente a minha porta, eu já não sabia mais se aquilo foi o certo.