CAPITULO 11

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Ela estava sufocando

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Ela estava sufocando.
Shelby se olhava no espelho, mas não conseguia reconhecer seu reflexo.
As garas invisíveis dos seus pais a empurravam para um caminho traçado antes mesmo de ela nascer. E agora, na metade do trajeto, ela olhava para frente e não conseguia se ver. Era mais daquilo que a aguardava? Mais do medo, mais da tristeza, mais da vergonha?
Ela estava bem no olho do tornado, sem coragem para dar o primeiro passo para fora, sem forças para lutar pela sua verdadeira essência. Ainda assim a ideia de permanecer inerte, sendo guiado pelas expectativas dos outros, a apavorava pra caralho.
Seria somente aquilo sua vida? Teria que constantemente esconder uma parte de si mesma?
O velho manto da ansiedade se esticava sobre ela, no seu abraço sufocante. Seus pensamentos iam para lugares sombrios.
Ela não se conhecia, a imagem que a olhava de volta no espelho era um mero espectro que seus pais moldaram. Sua essência parecia berrar para ser liberta, mas o medo a sufocava tão fortemente que não poderia lhe dar sua carta de alforria. Ela se sentia uma prisioneira no seu próprio corpo e um fantasma na sua própria casa. Eles realmente não a viam ou só não se importavam?
As imagens de sexta à noite vinham em sua mente como um quebra cabeça embaralhado. Tirando aquela memória......Aquela estava tão vivida que a assustava. Queria mesmo se lembrar afinal? Quando fechava os olhos ainda podia se lembrar perfeitamente dos olhos dela brilhando sob a luz do luar, do seu toque no corpo da loira. Mesmo sozinha no seu quarto, a lembrança de Toni Shalifoe ainda mexia com Shelby mais do que ela gostaria. Seu coração acelerava e ela era tomada por um sentimento de coragem libertador. Ela não queria mais bilhetes anônimos, queria muito mais que momentos isolados em telhados de festas. Shelby desejava segurar sua mão e beijar aqueles lábios sem medo.
E se eu admitir? O que de tão ruim pode acontecer comigo? se perguntava.
A resposta veio de forma tão rápida e avassaladora que não podia ser coincidência. Na sala de estar, seu pai e alguns fiéis da igreja rezavam fervorosamente formando um círculo. Shelby soube imediatamente do que se tratava quando viu Kyle Lewis ao lado do pastor, os olhos dele estavam tão sem vida que ele parecia estar morto. Shelby se perguntou quanto tempo tinha até ficar assim.
Ela não queria se sentir uma aberrarão, não queria abrir mão de toda sua família. Mas então abriria mão de si mesma? Não parecia haver um caminho seguro e feliz a se seguir.

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