Pensei que as coisas iriam ficar estranhas com Liz após ela ter me abraçado e quase me falado algo aparentemente perturbador para ela, mas no dia seguinte ela só passou a agir como se nada tivesse acontecido e eu não sabia como agir em ralação a isso. Já no final do dia, eu e Liz tivemos que limpar só uma sala, Arthur já tinha feito quase todo o trabalho mesmo sem pedirmos a ele, o que não me surpreendeu, afinal ele sempre foi uma pessoa aparentemente muito organizada.A sala que faltava ser limpa era a sala quatro, nós estávamos a limpando enquanto ríamos e fazíamos piadas sobre a criança de ontem, e ali vi minha oportunidade de conversar sobre o que ela não quis me falar.
-Ei Liz, tem certeza que tá tudo certo em relação a ontem?
-Vamos só não falar sobre isso e continuar nos divertindo, pode ser?
-Claro...
Antes mesmo de ela continuar falando, as luzes se apagaram e a temperatura desceu bruscamente, como da última vez. Senti um arrepio subindo pela minha espinha, talvez fosse só uma queda de energia, mas e se fosse ele?
-Isso é ruim Levi, sente-se.
-Mas e se for só uma queda de energia Liz?
-Não é só uma queda de energia, eu estou sentindo alguma coisa muito errada. Isso nunca aconteceu antes com duas pessoas dentro da sala.
-Certo, já estou indo.
Sentei-me ao lado dela, logo o projetor se ligou sozinho e um filme começou, algo me dizia que iria ser pior do que da última vez, o clima estava pelo menos dez vezes mais denso do que da vez passada. Apesar do meu pressentimento me dizer que algo estava muito errado, ter Liz ao meu lado era reconfortante e me encorajava.
Tudo o que podíamos ver a princípio era um homem moreno, alto e forte desacordado no chão de uma sala vazia. Estranhei ao sentir minha cadeira tremendo, pensei estar me borrando de medo sem nem saber, mas ao olhar para Liz, vejo que ela estava mais branca que um floco de neve. Não entendi aquilo, afinal, ela já havia passado por aquela situação inúmeras vezes, aparentemente algo estava diferente dessa vez.
-Armin... por que você está fazendo isso seu filho da puta?! Já não tirou o bastante de mim?
Nunca vi Elizabete com tanta raiva em minha vida, não imaginava que ela tivesse esse lado. Seja lá quem fosse a pessoa na tela, era alguém importante para ela.
-Ei Liz, se acalma, depois do filme tudo vai voltar ao normal.
-Me acalmar? Você não tem ideia do que está acontecendo aqui Levi, então cala a sua boca!
O tom doce e delicado que eu antes conhecia sumiu completamente deu lugar a uma voz raivosa e soberba. Apesar de eu ter me incomodado com o que ela disse, a última coisa que precisávamos numa situação como essa era de uma briga.
-Sei que não tenho noção do que você passou ou do que está acontecendo aqui, mas briga não vai nos levar a lugar nenhum. Se continuarmos falando vamos acabar quebrando a regra, por favor, se concentre e depois do filme estarei ao seu lado para te ajudar assim como você sempre faz comigo, Liz.
Elizabete me olhou com uma cara de descrença e ficou em silêncio. O filme continuou de uma maneira estranha, o homem acordou e começou a inspecionar a sala a procura de um lugar para sair, e expressão de medo em seus olhos era nítida. Depois de mais ou menos vinte minutos, a mesma criatura que vi no outro filme entrou na sala e foi em direção ao homem que a cada passo da criatura demonstrava mais medo e raiva em seus olhos verdes.
Uma luta havia começado, a criatura estendeu seus braços negros e deformados e direção ao rapaz que por sua vez desviou e lhe deu um soco no abdômen, mas a criatura nem chegou a se mover. Ele continuou dando inúmeros socos na criatura que não se movia e continuava com um sorriso perturbador em seu rosto bizarramente esticado. Quando o homem finalmente se cansou, os olhos da criatura foram de cinza para vermelho em um segundo e suas pernas rapidamente atingiram o rosto do rapaz que por sua vez voou por pelo menos cinco metros até trombar com a parede e ficar inconsciente.
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Flores negras
HorrorAssombrado economicamente e psicologicamente por um passado boêmio e conturbado, Levi decepcionou a todos de sua rica família que não irá mais sustentá-lo. Vendo o desespero ao não ter dinheiro nem para comprar sua própria comida, ele terá que aceit...