Flores negras

capítulo 26: Um papo com Deus

Levi narrando:

-Elizabete, o que está fazendo aqui?

-Vim te ajudar, você não vê que estava prestes a morrer? -Liz diz irritada.

-Jovem humana, quem te trouxe aqui? -Liz apontou para a mulher de vestido preto como uma resposta, os olhos do anjo se arregalaram e um sentimento de surpresa tomou conta de toda sua face.

-O que um ser como esse faz aqui? -Perguntou o anjo.

-Ela me trouxe aqui, disse que é a única forma de o mundo entrar em equilíbrio novamente.

-Certo... -Disse enquanto olhava para mim, seus olhos angelicais ainda me davam nojo, mas a presença de Elizabete me acalma. -Levarei vocês até Deus, acho que essa é uma situação especial, espero não ter que enfrentar a ira divina após isso.

-Muito obrigado, senhor. Agradeça também Levi.

-Prefiro a morte. -Disse com marra.

-Levi...

-Esqueça garota, esse ser está longe de ser quem você antes conhecia.

-O que aconteceu com ele?

-Deve ter passado por muita coisa, mas o que sei até agora é que ele foi parcialmente possuído por Lilith, e por isso acha que é a encarnação do caos.

-E como eu faço para ele voltar ao normal?

-Você encontrará Deus, por que não aproveita a oportunidade e pergunta a ele?

-Certo, farei isso. -Disse Liz enquanto seguia o maldito anjo em direção a enorme porta dourada. -Vamos Levi.

Me levantei e fui atrás dos dois, afinal falar com Deus era meu objetivo desde o início. Ao abrir a porta vi um enorme vazio, fiquei confuso, mas simplesmente aceitei, diferente de Elizabete.

-Senhor anjo, posso te fazer uma pergunta antes de entrar?

-Claro, humana.

-Por que temos que entrar em uma casa enorme para falar com Deus sendo que ele é onipresente?

-Minha querida... Deus deixou de ser onipresente a muito tempo por vontade própria.

-E qual o motivo?

-Entre e irá descobrir.

Olhei para Liz e vi que ela estava insegura com a ideia de entrar em uma enorme sala vazia, por isso tomei a iniciativa e entrei primeiro. Depois de andar alguns passos me virei para mostrar para Elizabete que tudo está ocorrendo bem, porém não vi nada além de uma enorme porta dourada no meio de um vazio branco infinito, quando ela se fechou?

Respirei fundo e dei mais alguns passos adiante, de alguma forma me sinto um pouco menos insano, mesmo ainda escutando vozes e sentindo uma raiva enorme crescendo dentro de mim. Após alguns minutos reparei que eu estava parado no mesmo lugar, era como se eu não sentisse mais as minhas pernas, olhei para baixo e elas realmente não estavam mais lá, como isso é possível?! O cenário mudou repentinamente, formas geométricas iam se moldando em si mesmas, como se estivessem tentando formar uma imagem, mais alguns segundos e o cenário ao meu redor agora era um cinema, eu conheço esse lugar... Qual é mesmo o nome?

-Se lembra desse lugar, Levi?

A voz que escutei era incrivelmente doce e impiedosa ao mesmo tempo, era insana a sensação de estar presente diante de um ser que está literalmente no topo de tudo, mesmo eu sendo o filho do caos, me senti impotente diante a sua presença.