Capítulo 28:Reencontro

16 4 8
                                    


-Ainda não é sua hora. -Disse a entidade.

Abro meus olhos e vejo alguém em minha frente com os braços esticados, esse alguém é Liz, que se jogou em minha frente para me proteger, como conseguiu se mover? Isso por acaso é possível? Me levanto e olho para o que está em sua frente, a pequena bola de energia parou na frente de Liz, virei meu olhar para Deus, ele estava apontando seu dedo indicador para Liz, não sei dizer o que ele estava sentindo.

-Você, mortal, como fez isso? Como conseguiu se mover. -Sua voz parecia confusa.

-Bom... Se nem Deus consegue responder a essa pergunta, quem dirá eu, não é mesmo? -Disse Liz com soberba em sua fala. – Apenas senti que eu não poderia de maneira nenhuma deixar a pessoa que eu mais amo morrer de uma maneira tão injusta.

-Injusta? Conhece o passado desse homem? Sabe o que ele fez?

-Sim, eu sei, mas além disso ele andou sofrendo muito e foi possuído por um dos demônios mais fortes do inferno. Como acha que um mortal lida com algo assim? Simples, não lida, isso está além do que a sanidade de alguém é capaz de suportar.

-Acha mesmo que seres como vocês merecem dizer que foram julgados errados? Vocês são um erro.

-Nossa, senhor Deus...

-O que foi?

-Use sua onipotência e leia minha mente, assim saberá o que estou pensando.

Olhei para deus, ele parecia ainda mais confuso após usar seus poderes e saber o que Liz estava pensando.

-O que pensou, Liz?

-Muitas coisas, mas por que não resume para Levi, Deus?

-Ela pensou principalmente a seguinte frase: "É Deus, talvez você deva trabalhar um pouco o próprio perdão. -Disse Deus cada vez mais surpreso e confuso.

- Não olhe apenas as coisas ruins de sua criação. Acho que sei porque você acabou assim, sei onde veio toda a sua falta de fé, Deus.

-E de onde veio, humana?

-Talvez a imortalidade não o deixe ver a graça da vida, talvez ela só te faça ver as coisas ruins. Afinal, como um ser imortal conseguiria saber o sentimento dos que podem e temem a morte? Você deixou de se colocar no nosso lugar, deixou de ter empatia. Os homens fizeram muitas coisas positivas, nós somos imperfeitos de natureza, é normal cometermos erros. Tudo isso só me leva a uma conclusão, que todos os filhos são um reflexo dos pais, então... Senhor Deus, acho que agora sei de onde veio nossas imperfeições.

-Está me chamando de imperfeito, humana?

-Sim, senhor. Talvez você devesse ter mais fé na sua própria criação, ou seja, mais fé em você. Nos ajude, ajuda sua cria, expulse o mal que não vem de nós, nos ajude a derrotar Lúcifer.

-Vocês humanos... Não param de me surpreender.

Parece que até mesmo Deus ficou confuso com Liz, essa garota é mesmo especial, por isso a amo. Cheguei perto de Deus e estendi minha mão a ele.

-Nos ajude senhor, por favor. -Disse da maneira mais humilde que pude. Ele estendeu sua mão e apertou a minha, pude sentir a pressão de sua mão, era algo surreal.

-Assim como a humana disse, terei fé em vocês novamente.

-Então para um começo, pare de me chamar de humana. -Disse Liz.

-Quer que eu te chame do que?

-De filha. -Deus deixou escapar uma pequena risada, ele parecia feliz. -Mas é claro, filha.

Em um instante estávamos fora da enorme casa de Deus, ele nos transportou para fora. Olho para o lado e vejo o anjo mais forte de Deus incrédulo.

-Senhor Deus... Então esses mortais realmente conseguiram convencer o senhor?

- Sim, pode me fazer um favor?

-Cla...Claro senhor, o que seria?

-Reúna uma leva pequena de anjos e os leve para a Terra, expulsaremos o Diabo e todos os seres do oitavo portão.

-Certo meu senhor. -Disse o anjo enquanto já se apressava para realizar a ordem.

-Deus, antes de irmos, preciso te pedir uma última coisa.

-E o que seria?

-Preciso que deixe de afastar Lilith de mim, sem ela não sou forte o bastante para ajudá-los.

-Tem certeza disso, filho?

-Tenho, preciso que confie em mim.

-Certo. Disse Deus enquanto estalava seus dedos, em alguns segundo senti um ódio imenso retornar ao meu corpo, sinto minha sanidade vazando, isso é ruim.

-Liz, espero que saiba que em poucos minutos eu não serei eu de verdade. Por favor, não leve nada do que eu fizer e disser a sério.

-Claro, lindo. -Ela estava com um sorriso em seu rosto, como se já soubesse.

-Prontos? -Perguntou Deus.

-Sim! -Eu e Liz dissemos olhando um para o outro.

Olhei para o lado e vi a mulher de vestido preto com uma lágrima escorrendo pelo seu rosto, ela parecia estar falando algo, mas não consegui entender, em um piscar de olhos estávamos no campo de batalha.

O cenário era caótico, milhares de demônios de todos os níveis possíveis voando e estremecendo o chão com suas patas enormes e asquerosas, todos merecem a morte. Belial e o Papa estavam completamente esticados no chão, como se não conseguissem mais mover um único dedo, Sarah estava lutando contra os demônios de nível médio e Artur tentava segurar Lúcifer junto aos exorcistas mais fortes, mas todos estavam morrendo em poucos segundo. Fui em direção ao papa para ver se ele ainda estava vivo enquanto o ódio não parava de crescer dentro de mim.

-E aí velhote, ainda tá vivo?

-Sim... mas se continuar assim, acho que não por muito tempo.

-Bom, se eu fosse você eu ficaria vivo e com os olhos bem abertos para apreciar.

-Apreciar o que?

-Olhe para cima.

Vi a expressão de emoção quase que indescritível no rosto do Papa. No céu, era possível ver Deus de braços abertos com uma luz branca e forte sendo emanada de seu corpo enquanto anjos com espadas flamejantes chegavam e formavam um círculo em sua volta, o brilho era tão intenso que eu mal conseguia enxergar.

Olhei para o Diabo e vi sua expressão de surpresa e raiva, ele parecia tenso. Em poucos segundos ouço uma voz vinda de todas as direções ecoando pelo ambiente.

-Olá, Lúcifer.

-Seu cretino... O que está fazendo aqui?

-Te expulsando do oitavo portão, anjo mimado e arrogante.

-Como ousa!

-Anjos... Ataquem! -Gritou Deus, a guerra finalmente chegou em seu clímax.

——————————————————————
Fala leitores, o que acharam do capítulo? Estamos no último arco do livro, então espero que gostem, não esqueçam de votar e comentar, isso me ajuda muito.

Flores negrasOnde histórias criam vida. Descubra agora