Flores negras

Capítulo 21: Reencontro

Sarah narrando:

Me vejo imersa em um oceano cinza e viscoso, aos poucos meu corpo afunda para suas profundezas ainda mais escuras e amedrontadoras. Bolhas saem de minha boca e narinas enquanto balanço meus braços e pernas tentando chegar à superfície, mas o esforço é inútil, o líquido parecia nem estar em contato com meu corpo já que quanto mais eu me debatia em um esforço ridículo de nado, mais eu me afundava. Olho para baixo e não vejo um final, apenas existe escuridão e solidão, olho para cima e lá esta uma luz forte e brilhosa que fazia o grande oceano cinza se tornar dourado e esperançoso. A luz cresce ainda mais em intensidade, meus olhos não aguentam olhar para algo assim, não enxergo mais nada.

Alguns segundos se passaram e o clarão se torna fraco o bastante para eu voltar a enxergar, sinto meu corpo encostado em um chão frio, a água desaparece, estou de volta a realidade. A primeira coisa que consigo observar é Arthur sentado ao meu lado, ele parece bem.

-Arthur... O que aconteceu?

-Eles chegaram a tempo, nos salvaram.

Agora me lembro, depois que ouvi as palavras da morte e a vi desaparecer, eles chegaram e nos salvaram de uma morte clara.

-Quantos são?

-Mais de mil, com eles aqui com certeza chegaremos até o topo da torre. Só me surpreende Astaroth não ter aparecido até agora, estamos quase chegando até Levi, isso se ele realmente estiver aqui.

Olho ao meu redor e vejo inúmeros soldados sentados, eles estavam comendo e se hidratando, provavelmente tiveram que me carregar por alguns andares enquanto eu estava adormecida.

-Sabe quanto falta para chegarmos ao topo?

-Acho que chegaremos em no máximo mais um dia, os demônios não são páreos para tantos soldados, ainda mais com ele aqui conosco.

-Ele quem?

-Eu não disse? Bom... o próprio papa está aqui.

-O que?! Ele não se envolve em algo assim a décadas!

-Eu sei, mas parece que como o caso pode resultar em uma guerra ainda maior, ele decidiu intervir, por que você acha que o ambiente está colorido?

Eu realmente não tinha reparado, o ambiente ates incolor, frio e escuro agora está claro e colorido, como a presença de alguém pode se tão forte?

-Devo cumprimentá-lo?

-Sim, acho que é uma boa.

Me levanto e vou em direção a enorme fonte de energia emanada por ele, me aproximo e vejo um homem de curtos cabelos brancos vestindo um manto dourado. Essa foi a primeira vez que o vi pessoalmente... Consegui ver seus músculos mesmo sendo velho e estando envolvido por um manto enorme, sua presença era realmente assustadora, muitas vezes maior do que a de Belial, ele é maravilhoso...

-Olá Vossa Santidade, é um prazer enorme conhecê-lo. Gostaria de lhe agradecer por ter trazido um exército fortemente preparado e por ter salvado minha vida e de meus colegas.

-Por nada jovem, não fiz nada mais do que minha obrigação. -Sua voz era suave, calma e penetrante, como a de uma verdadeiro líder. Não sei por quanto tempo fiquei olhando para aqueles grandes olhos azuis, mas tenho certeza que nem consegui falar mais diante de sua aura tão emocionante e contagiante.

Sua expressão muda repentinamente, seu olhar fica odioso e sua aura agora tem um ar mais furioso enquanto ele levanta rapidamente e olha para a enorme porta que provavelmente leva ao andar de cima.

-Estão escutando? -Perguntou ele.

-Não... O que eu deveria escutar.

-Se não o escuta, então sinta-o.