Capítulo 8: A verdade

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-Imagine uma terra nova, um novo mundo, era como se hoje em dia um der humano pisasse em marte, assim os portugueses se sentiram ao chegar aqui. Mas não é disso que irei falar, afinal você sabe a história do próprio país, o que estou te contando é que depois que eles se instalaram na região de São Paulo tudo mudou, e isso meu caro, não está nos livros de história.

-Mas o que os portugueses têm a ver com isso?

-Você é muito apressadinho sabia? -Ela falou enquanto colocava seus dedos enormes e magros em meus lábios, sinalizando que era apenas hora de escutar. -Esses portugueses exploraram por completo a região de São Paulo, até mesmo aqui. Claro que se observarmos dados históricos, essa cidade só foi fundada e ocupada em 1948, porém, não foi bem assim que aconteceu. Eles chegaram aqui mais de duzentos anos antes disso, acharam o lugar magnífico, com exceção de apenas um lugar.

Era nítida sua empolgação em contar uma história dessas para alguém, o sorriso em seu rosto ia se alargando conforme ela falava, era assustador, mas eu estava tão curioso que me tornei incapaz de sentir medo naquela situação, mesmo com um ser como esse na minha frente.

-Ao irem andando pelo terreno, acabaram encontrando uma casa minúscula, ela era feita de uma rocha vermelha nunca vista antes, não tinha janelas e sua porta era mais negra que uma sombra. O padre que estava acompanhando a expedição disse que havia algo muito maligno lá, e que por isso a porta não deveria ser aberta, ele sentia isso, mas os exploradores tinham um ego muito grande, não se deixariam abalar por conta de uma casa, então eles resolveram abri-la.

-Essa porta... É a porta de número sete deste cinema, não é?

-Até que você não é tão burro quanto eu imaginava, sim, é exatamente isso.

-Antes de continuar, o que é essa porta?

-Finalmente você chegou no ponto chave, afinal, o que teria de tão errado em uma porta?

-É algum tipo de portal para outro mundo?

-Hum, até que você não foi tão mal. -Disse ela enquanto ria, por algum motivo ela estava adorando tudo isso. -Levi, a maldade está espalhada por todo o mundo, mas de onde será que vem toda essa maldade? Do próprio ser humano, isso é claro, mas e se existisse algo além disso, o que aconteceria? Será que a tão amada criação de Deus sobreviveria? Provavelmente não. No mundo existem oito locais malditos em que se a maldade vazar, uma guerra santa acontece, e sempre há um risco de extinção do ser humano quando isso ocorre. Esses locais malditos são chamados de portões do inferno, são uma conexão entre esse mundo e o próprio inferno.

-Mas não dizem que existem apenas sete portões?

-Isso era o que acreditavam, antes de descobrirem o último justamente aqui em Holambra. Mas agora voltando a história, quando os portugueses abriram a porta, eles acabaram liberando todo mal contido em vários territórios infernais aqui no Brasil, neste dia, todos da expedição foram mortos a sangue frio por demônios e espíritos malignos. O vaticano, ao saber disso, enviou seus melhores soldados para uma guerra santa que, mesmo com a ajuda de celestiais, durou dez anos. Muito sangue foi derramado, soldados ainda mais fortes que o próprio Arthur e até mesmo anjos morreram, mas no fim, eles conseguiram ganhar e obrigaram os seres malignos a recuarem de volta para o inferno. Lançaram feitiços para que a porta permanecesse fechada e as criaturas ao seu redor mais fracas, construíram uma casa enorme ao redor da minúscula passagem para o inferno, que hoje em dia se tornou um cinema para que as pessoas não suspeitassem e fossem atrás das verdade.

-Mas como ninguém escreveu e documentou isso? Como ninguém fala sobre isso hoje em dia se foi algo tão impactante?

-Da mesma forma que ninguém lembra dos acontecimentos ruins do cinema, é pura lavagem cerebral, o feitiço colocado aqui anos atrás para impedir que a porta se abrisse e para enfraquecer as criaturas também serve como uma espécie de lavagem cerebral para pessoas comuns.

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